Moçambique lança operação em zonas de exploração mineira
22 de fevereiro de 2017A operação começou a 9 de fevereiro no distrito de Montepuez, na província de Cabo Delgado, e é para continuar. Segundo Abdul Chaguro, chefe do departamento da Polícia de Proteção de Recursos Naturais e Meio Ambiente da província, a operação "vai-se alargar a outros pontos de mineração que a província de Cabo Delgado tem.”
"Das análises feitas pela polícia, em relação aos focos de criminalidade, constatou-se que, nas áreas onde ocorre o garimpo ilegal, tem havido registo de casos criminais de caráter violento e com recurso a armas de fogo. Nesse contexto foi colocado em ação esta operação visando retirar toda a gente que se encontrava nas áreas de garimpo”, explica Chaguro.
Sem surpresas
Esta operação foi desencadeada por uma força multissetorial composta pelas diversas áreas da Polícia da República de Moçambique. Abdul Chaguro nota que esta operação não foi uma surpresa.
"Foi uma operação que foi antecedida de um aviso da administração do distrito, das autoridades locais, que apelavam para que as pessoas que estivesse a desempenhar essas atividades e estivessem naquelas áreas se retirassem por iniciativa própria”, explica Chaguro, adiantando que "muitos estrangeiros assim o fizeram”.
Abdul Chaguro repete ainda o apelo já feito: quem está nestas zonas de exploração mineira ilegal deve-as abandonar "de forma voluntária” e quem quer desenvolver esta atividade deve-o fazer "legalmente”, solicitando licenças junto das autoridades competentes.
Mais de 1.500 ilegais
Apesar do alerta, até esta segunda-feira (20.02), tinham retiradas 3.220 pessoas, entre cidadãos nacionais e estrangeiros. "Essas pessoas que foram retiradas dessas zonas estavam ligadas diretamente ao garimpo ilegal e alguns eram financiadores desta atividade de mineração ilegal”, nota Abdul Chaguro.
Entre os indivíduos identificados mais de metade (1634) eram nacionais. Entre os estrangeiros, que estão a ser reencaminhados para fora de Moçambique, a maioria (1561) era proveniente da Tanzânia. Contavam-se ainda, entre outros, cidadãos da Gâmbia, do Senegal, da Tailândia e do Mali.
A Tanzânia diz estar a acompanhar a situação. Aziz Mlima, secretário permanente no Ministério dos Negócios Estrangeiros, afirma que as autoridades do seu país trabalham em conjunto com Moçambique.
“A principal responsabilidade do Governo da Tanzânia, através da Embaixada em Maputo, é assegurar que os interesses dos tanzanianos que cumprem a lei, e mesmo dos que não cumprem, são salvaguardados. O oficial de lá vai dialogar com o Governo de Moçambique para garantir que os tanzanianos estão seguros e vamos tratar da logística para os trazer de volta”, afirma.