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CriminalidadeMoçambique

Moçambique: Dezenas de mortes na invasão da cadeia em Maputo

af | EFE
26 de dezembro de 2024

Ao menos 33 pessoas morreram nesta ontem em confrontos com os seguranças na fuga de 1.534 reclusos da cadeia central de Maputo, segundo a polícia. "Foi tudo propositado para manipular as massas", Venâncio Mondlane.

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Reclusos em Moçambique
Mais de 1.500 reclusos fugiram esta quarta-feira (25.12), da cadeia central de MaputoFoto: Alfredo Zuninga/AFP

A fuga ocorreu no Estabelecimento Penitenciário da Província de Maputo (sul) em Matola, uma prisão de segurança máxima, informou o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, em conferência de na noite desta quarta-feira, na capital.

"Registramos uma fuga de detentos da cadeia central na cidade de Matola, onde 2.500 presos estavam detidos”, começou por dizer Rafeal, explicando que "as circunstâncias da fuga foram que, por volta das 13h, um grupo de manifestantes subversivos se aproximou do estabelecimento, fazendo barulho e exigindo poder remover os prisioneiros que cumprem suas penas lá".

Contradições: Bernardino vs. Kida

O comandante da polícia refere que essa agitação do exterior "provocou distúrbios dentro do presídio que levaram à queda do muro que separa outro presídio ao lado, e eles aproveitaram a oportunidade para fugir pelos portões. Houve um confronto com os companheiros que garantem a segurança, mas não conseguiram prender os prisioneiros, 1.534 presos fugiram", detalhou Bernardino Rafael.

Bernardino Rafael, comandante-geral da Polícia da República de Moçambique
"Esse confronto direto com os detentos e manifestantes resultou em 33 mortos e 15 feridos", disse Bernardino RafaelFoto: Amós Fernando/DW

Revelou ainda que "esse confronto direto com os detentos e manifestantes resultou em 33 mortos e 15 feridos". As operações de busca das forças de segurança "conseguiram prender 150 reclusos".

No entanto, numa entrevista à televisão privada, STV, a ministra moçambicana da Justiça e Assuntos Constitucionais  e Religiosos que tutela os serviços penitenciários, Helena Kida, disse que invasão de presos da cadeia central de Maputo não estava relacionada com as manifestações pós-eleitorais.

Kida garantiu que a rebelião iniciou no interior do estabelecimento prisional.

Face a esta fuga massiva de detentos, o comandante-geral da polícia, Bernardino Rafael alertou que nas próximas 48 horas "espera-se um aumento acentuado da criminalidade na cidade de Maputo" e apelou "a toda a sociedade para que se una para combater esta forma deliberada de aumentar a criminalidade" no país.

Rafael também afirmou que, "somente nas últimas 24 horas, manifestantes invadiram a cadeia de Manhiça (província de Maputo) e libertaram presos", embora não tenha especificado o número de presos libertados.

"Não houve invasão", diz Mondlane

O candidato presidencial Venâncio Mondlane nega que o aconteceu na cadeia central não foi invasão dos manifestantes. Acusa o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique de tentativa de manipulação da população “para que as pessoas acusem o Venâncio”.

Venâncio Mondlane
“Foi tudo propositado para manipular as mentes e de massas”, disse Venâncio MondlaneFoto: Alfredo Zungia/AFP

Esclarece que havia cerca de quatro mil jovens manifestantes que estavam detidos naquela cadeia. E “os guardas prisionais abriram as portas para que os detidos saíssem. Não houve invasão”, diz Mondlane explicando que “é por isso que nenhum daqueles jovens trazia uniforme de  prisioneiro que se usa nas cadeias”.

Para o Venâncio Mondlane a suposta soltura dos detidos deveu-se à alegada falta de logística e mantimentos no estabelecimento prisional, com “objetivo de assassina-los. Fizeram um massacre. Em menos de 24horas morreu mais gente do que nos últimos dois meses”, revelou.

“Foi tudo propositado para manipular as mentes e de massas”, reiterou Mondlane, que pede às organizações de defesa dos direitos humanos para investigar o caso, “isto é um crime contra a humanidade e deve ser conduzido para o Tribunal Penal Internacional”.

O candidato suportado pelo PODEMOS responsabiliza o comandante-geral da PRM pela mortes desta quarta-feira na cadeia central da província de Maputo.