Moçambique: Mais de 800 pessoas fugiram de ataques
15 de fevereiro de 2024Em causa, de acordo com um boletim semanal daquela agência intergovernamental, estão os ataques ocorridos entre 08 e 12 de fevereiro em Macomia, Chiúre e Mecufi, que levaram à fuga da população para aldeias vizinhas, recebidas em campos de reassentamento.
O mesmo boletim acrescenta que desde 22 de dezembro de 2023, em termos acumulados, há registo de 1.478 famílias, totalizando 10.849 pessoas, que fugiram dos locais onde vivem em vários distritos de Cabo Delgado, devido a uma "série de ataques esporádicos” e ao "medo” dos grupos insurgentes, que se voltou a fazer sentir no final do ano passado.
Do total de indivíduos deslocados em cinco dias de fevereiro, 47 famílias refugiaram-se, após viagens a pé, de autocarro ou de canoas, nos centros de deslocados de Macomia (Nanga A e Nanga B), 35 famílias nos centros de Chiure (Maningane, Muajaja e Namisir), dez famílias no centro de Montepuez (Ntele) e duas famílias no centro de Metuge (Ngunga).
"Devido às preocupações de segurança prevalecentes na região relatadas pelas famílias deslocadas, as intenções sobre a duração da sua estadia nos atuais locais de deslocamento e nas comunidades de acolhimento permanecem incertas. Os movimentos na região continuam a ser dinâmicos dentro dos distritos", relata-se no boletim.
Ataques estão a aumentar
Nas últimas semanas têm sido relatados casos de ataques de grupos insurgentes em várias aldeias e estradas de Cabo Delgado, inclusive com abordagens a viaturas, rapto de motoristas e exigência de dinheiro para a população circular em algumas vias.
O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou na quarta-feira a autoria de um ataque terrorista em Macomia, em Cabo Delgado, e a morte de pelo menos 20 militares, um dos mais violentos em vários meses.
Através de canais de propaganda, o grupo terrorista documentou o ataque com imagens, a uma posição das forças armadas moçambicanas, levando vário material bélico, e reivindicou ainda outro ataque em Chiúre.
A Lusa não conseguiu atestar no terreno a autenticidade desta reivindicação e as autoridades moçambicanas não comentam as operações militares em curso em Cabo Delgado.
Contudo, o administrador distrital de Macomia, Tomás Badae, confirmou na segunda-feira que os grupos de insurgentes que atuam em Cabo Delgado atacaram uma posição das Forças de Defesa e Segurança (FDS) no distrito.
O ataque aconteceu entre a noite de sexta-feira e a madrugada de sábado, entre 23:00 e 03:00 (21:00 e 01:00 em Lisboa), no posto administrativo de Mucojo, a 45 quilómetros da sede distrital de Macomia: "Tomaram, sim, a posição e assaltaram-na, mas não temos mais informação se ainda estão lá ou já abandonaram”.
Relatos de residentes locais também davam conta de várias baixas entre os militares moçambicanos.