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Assassinatos de políticos: Manuel de Araújo acusa a FRELIMO

15 de novembro de 2017

O edil de Quelimane considera que os assassinatos são uma "estratégia" de "antigos militares" ligados à FRELIMO que visa eliminar fisicamente alguns políticos e afetar a imagem do Movimento Democrático de Moçambique.

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Manuel de Araujo
Foto: DW/N.Issufo

Manuel de Araújo, membro do MDM, a segunda maior força da oposição, falou à DW África sobre a onda de assassinatos em Moçambique. O edil da cidade de Quelimane, que se mostrou revoltado, acusa o Governo, Parlamento e até mesmo os parceiros de cooperação de nada fazerem para parar esse fenómeno. 

DW África: Sente-se ameaçado com a onda de assassinatos de políticos?

Manuel de Araújo (MA): Sinto-me preocupado, porque a atuação dos esquadrões da morte tem trazido grandes preocupações em termos de segurança, não só para o cidadão Manuel de Araújo, mas para qualquer pessoa que ame Moçambique. E afugenta os investimentos estrangeiros, se se lembra da questão dos raptos em que muitos moçambicanos acabaram tirando o seu dinheiro de Moçambique e isso afeta bastante o desempenho da economia nacional. E agora temos este fenómenos dos assassinatos seletivos por parte dos esquadrões da morte. O que me preocupa é que nem o Governo de Moçambique, nem a Assembleia da República e muito menos os parceiros de cooperação estão a levar a sério esta atuação dos esquadrões da morte. O normal era já terem avançado com uma comissão de inquérito da parte do Governo, da parte do Parlamento e uma comissão da parte da comunidade internacional porque em Moçambique a nossa Constituição diz que não há pena de morte. Portanto, ninguém tem o direito de tirar a vida a outro. Eles querem recuperar os municípios, mas como sabem que por via popular não vão conseguir, então optam por outras vias, o assassinato das pessoas. Isto não é novo. E na FRELIMO é cultura, desde 1962. Eu tenho a lista de todos os que foram assassinados desde essa altura, como forma de resolver problemas. Portanto, a estratégia de usar a violência e assassinatos para resolver conflitos internos, dentro da FRELIMO, tem barbas brancas desde que a FRELIMO foi criada. Sempre houve assassinatos, até ao último dia 4 de outubro deste ano, em que foi assassinado Mahamudo Amurane. 

Mosambik Plakat der Partei Frelimo
Panfleto da FRELIMO, partido no poder em MoçambiqueFoto: picture-alliance/AP

DW África: Mas há sinais de um interesse para que seja assassinado ou violentado?

MA: Se se lembra, no ano passado um membro da Assembleia Municipal de Quelimane, do partido FRELIMO, disse em plena que Manuel de Araújo merecia levar um tiro na cabeça. Não só, no dia sete de abril do ano passado um antigo combatente da FRELIMO, depois de eu ter feito um discurso na praça dos heróis, mesmo em frente ao Município, disse para me cuidar senão levaria um tiro e que merecia esse tiro. E depois dessas ameaças, mesmo que não as tenhamos levado a sério, quando vemos que um colega nosso foi barbaramente assassinato no dia da paz daquela forma tão violenta, eu acho que para qualquer pessoa que conhece a aritmética é só somar um mais um.

DW África: Recentemente lhe foi retirada a proteção policial, justamente numa altura em que o país vive esses casos de assassinatos massivos de políticos da oposição. Como interpreta esta atitude?

14.11.17. Araujo Assassinatos - MP3-Mono

MA: Interpreto como qualquer moçambicano ou pessoa de bem interpreta, porque o normal numa situação de insegurança seria reforçar a segurança.

DW África: E para se proteger o Manuel de Araújo pondera encontrar uma solução privada, o que pensa fazer?

MA: É um assunto de segurança e eu não vou discutir pela rádio ou pela imprensa as medidas que tomei ou deixo de tomar.

 

Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África