Reforçada fiscalização no porto de Mocímboa da Praia
7 de janeiro de 2021"O porto não continua com o inimigo. Eles andam por lá [no distrito] sim , um e outro, e, se calhar, promovem as suas atividades lá, mas a Marinha de Guerra fortificou o seu trabalho de fiscalização", disse Jaime Neto, em declarações à comunicação social na província da Zambézia, à margem da cerimónia do lançamento do recenseamento para o serviço militar.
Na noite de 12 de agosto, os grupos armados que têm protagonizado ataques em Cabo Delgado invadiram o porto de Mocímboa da Praia e os confrontos com as Forças de Defesa e Segurança deixaram um número desconhecido de mortos, incluindo elementos da força marítima, além de várias infraestruturas destruídas.
Segundo o ministro da Defesa, na altura, os insurgentes infiltraram-se nas comunidades, comandando ataques contra as forças governamentais de dentro para fora do distrito, o que facilitou a sua permanência no local por "muito tempo".
"Eles estavam a combater de dentro do distrito para fora e isso, de certo modo, criou condições para que eles pudessem se estabelecer durante muito tempo ali. Nós acreditamos que um e outro [insurgente] ainda continua no distrito e nós estamos a fazer o esforço para o recuperar e colocar todas as instituições a funcionarem", declarou Jaime Neto.
A vila costeira de Mocímboa da Praia é uma das principais da província de Cabo Delgado, situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total. A vila foi invadida e ocupada durante um dia por rebeldes em 23 de março, numa ação depois reivindicada pelo grupo jihadista Estado Islâmico, e foi, em 27 e 28 de junho, palco de longos confrontos entre as forças governamentais e os grupos insurgentes.
Operações para "aniquilar o inimigo"
O ministro da defesa de Moçambique reiterou que as motivações destes grupos continuam incertas, mas as Forças de Defesa e Segurança desdobram-se em operações para "aniquilar o inimigo".
"Algumas vezes eles atacam as nossas posições, mas as nossas forças estão em prontidão para responder a qualquer fogo do inimigo. A moral da nossa força é boa e eles estão a fazer tudo para que qualquer parte do nosso território não seja ocupada pelo inimigo", declarou Jaime Neto.
O governante acrescentou que os líderes destes grupos são provenientes de várias partes do continente africano e têm recrutados jovens moçambicanos para protagonizar ataques em Cabo Delgado.
A violência armada em Cabo Delgado começou há três anos (com um primeiro ataque em Mocímboa da Praia) e está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil deslocados, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.