Moçambique: Nampula na rota das drogas
1 de março de 2019A província de Nampula serve de corredor para o tráfico de drogas. Mas há falta de meios para combater os traficantes. Segundo Germano Joaquim, diretor do Gabinete Provincial de Prevenção e Combate à Droga, Nampula tem uma larga costa marítima, muito difícil de vigiar com os recursos existentes.
"Se as condições de trabalho fossem mais eficientes, podíamos sobrevoar com helicópteros em todas as zonas; podíamos entrar nos vagões dos comboios, mas não se consegue lá chegar por causa dos problemas financeiros. Podíamos constituir diversas brigadas e espalhar em quase toda a província, mas onde estão os carros e respetivos combustíveis? Então, a problemática financeira passa a ser limitante."
Segundo os últimos dados oficiais disponíveis, no ano passado, as autoridades apreenderam 359 kg de canábis e 4 kg de heroína em Nampula.
Nampula lidera as apreensões
Este ano, a província tem liderado as apreensões no país. Em janeiro, a polícia deteve três cidadãos na posse de mais 50 kg de canábis, sete pontas de marfim e notas de dólar falsificadas. Na semana passada, foram apreendidos pelo menos 32 kg de heroína na posse de dois moçambicanos provenientes do distrito de Nacala, onde fica o maior porto de águas profundas da África Austral.
A origem da droga é desconhecida, mas sabe-se que tinha como destino a capital, Maputo. Foi o que anunciou Zacarias Nacute, porta-voz da polícia moçambicana em Nampula.
"Já estamos a fazer um trabalho com vista a identificar os proprietários desta droga para posteriormente encaminharmos às nossas subunidades para a sua responsabilização por comercialização de produtos proibidos no nosso território nacional."
"Barão da droga" em MoçambiqueMaputo é tido como um dos maiores centros de circulação de drogas no país. Em 2010, o Departamento norte-americano do Tesouro acusou um dos empresários da capital, Mohamed Bachir Suleman, de ser um "barão da droga" em Moçambique, com uma rede "que contribui para a tendência crescente de tráfico de narcóticos […] na África Austral". Mas a Procuradoria-Geral da República disse que investigou o caso e não encontrou provas das acusações.
Especialistas dizem que Moçambique é um dos principais corredores do tráfico de heroína do Afeganistão para a Europa. Mas não só. As autoridades estão também preocupadas com a produção de algumas drogas no país. É o que diz Germano Joaquim, do Gabinete Provincial de Prevenção e Combate à Droga de Nampula.
‘‘A nossa província tem 23 distritos, destes há os têm municípios [sete], cidades e vilas, e existe a zona rural, daí que a problemática da droga é toda ela diferenciada; há aqueles que se destacam no consumo, que é o caso das cidades, e temos a preocupação daqueles que enveredam pela produção no caso das zonas rurais'', disse.
Para ajudar a combater o fenómeno, o gabinete provincial, em parceria com o setor da saúde, formou, no ano passado, mais de 700 jovens sobre esta problemática. Este ano, o gabinete pretende reativar os núcleos antidrogas nas escolas.