Moçambique: Otimismo no futuro apesar dos ciclones
18 de junho de 2019Os ciclones Idai e Kenneth, que passaram por Moçambique entre março e abril vieram desacelerar a economia. Apesar dos danos causados, algumas empresas estão positivas em relação ao futuro e prevêem um grande crescimento, sobretudo com o investimento na exploração de gás na Bacia do Rovuma em Cabo Delgado.
Gás natural
A Anadarko, empresa de exploração energética americana, anunciou um investimento de 25 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros) na exploração de gás natural. Paulo Mendonça, diretor executivo da empresa energética portuguesa Galp em Moçambique, acredita que a confiança dos empresários se baseia muito em investimentos como este.
"A confiança que existe nos empresários em termos genéricos é crescente com base na cada vez mais forte perspetiva com os grandes investimentos no gás se realizarem”.
José Reino da Costa, presidente do Conselho Executivo do Millenium BIM, disse à DW África que alguns balcões do banco foram afetados pelos ciclones, mas já vê a vida a voltar à normalidade na cidade da Beira, severamente atingida pelo ciclone Idai.
"O que nós sentimos, eu próprio estive na Beira há 15 dias, é que a atividade económica voltou praticamente ao normal. Obviamente que ainda se vê a destruição e as pessoas já estão a retomar a sua vida normal, e como se costuma dizer a vida continua”.
Apesar dos números do FMI apontarem para um crescimento de apenas de 2% em 2019, nos próximos anos as projeções mostram um crescimento forte. Em 2020 espera-se que Moçambique cresça já 6%.
Alguns sectores em recuperação
A agricultura e o pequeno comércio foram as atividades económicas mais prejudicadas. A recuperação na agricultura só poderá ser feita nas próximas colheitas. José Reino da Costa diz que os prejuízos na cidade da Beira foram muito grandes.
"As estimativas que foram feitas pelo gabinete que foi criado para avaliar os prejuízos e também para a reconstrução da Beira apontam para valores, entre perdas, danos efetivos e perdas económicas potencias superiores 3 mil milhões de dólares”.
Também Paulo Mendonça conta como os ciclones afetaram a Galp. Mas mantém-se otimista em relação ao futuro.
"A Galp tem em construção dois parques armazenários de combustíveis, um deles na Beira, que está neste momento em fase construção e esse projeto sim foi algo afectado, uma vez que estava em fase de construção na altura em que o ciclone atingiu a costa da Cidade da Beira e houve um determinado impacto, que está neste momento a ser quantificado. De qualquer maneiro isso não altera de modo nenhum os planos de investimento que a empresa tem para o país”.
Moçambique vai tornar-se um dos maiores produtores de gás natural na próxima década e a Galp vai participar nesse processo. Paulo Mendonça já tem datas para o início da extração e produção de gás natural.
"O ano de 2020 marcará o início da construção das duas fábricas, que temos previsto no consórcio da Área 4, como objetivo de produzir gás natural a partir de 2024”.