Moçambique: Partidos fazem-se à estrada na caça ao voto
25 de agosto de 2024Enquanto a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, partido no poder) e o Movimento Democrático de Mocambique (MDM) escolheram a província de Sofala, um tradicional bastião da oposição, para iniciar as suas campanhas, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) concentrou-se na Zambézia.
Já Venâncio Mondlane, do partido Podemos, lançou a sua campanha na província de Maputo, focando as suas promessas no setor informal.
"O setor informal é o cerne da economia doméstica na Matola e é preciso ter um olhar especial para este grupo, maioritariamente composto por mulheres", frisou.
O MDM, através da candidata para governadora da província de Maputo, Fátima Mimbire, prometeu melhorias significativas para os professores. "Senhor Professor, não desanime. Com o MDM, o professor será valorizado e será o centro da nossa planificação", prometeu.
Por seu turno, António Muchanga, da RENAMO, visitou mercados, onde prometeu melhorar a saúde e a educação. "Nós vamos mudar a vida do polícia, o tratamento dos professores, dos médicos e outros profissionais de saúde", salientou.
Já na Matola a FRELIMO comprometeu-se a melhorar as condições de vida dos cidadãos.
"Queremos continuar a trabalhar juntos, mas para que isso aconteça, temos que mobilizar todos para ir votar", indicou Verónica Macamo.
Algumas irregularidades
A Plataforma Eleitoral Decide, organização que monitora o processo eleitoral no país, fez uma avaliação positiva do arranque da campanha, com exceção da província de Nampula, onde foram registadas algumas irregularidades e incidentes que destoaram do ambiente calmo visto em outras regiões.
Wilker Dias, porta-voz da plataforma, destacou a ausência de material de propaganda, atribuída à alocação tardia dos fundos por parte da Comissão Nacional de Eleições (CNE), o que impactou na capacidade dos partidos de promoverem as suas campanhas de forma eficaz.
A plataforma também relatou a ocorrência de ilícitos eleitorais, como o uso indevido de recursos do Estado para fins de campanha, violações das normas de propaganda e casos de intimidação de eleitores.
"Fixação de panfletos em instituições públicas, uso de viaturas públicas, como é o caso das províncias da Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado; destacamos igualmente a presença de crianças em algumas caravanas dos partidos políticos", alertou.
Campanha será renhida
Apesar destes desafios, Wilker Dias prevê uma campanha renhida nos próximos dias, com os partidos a intensificarem as suas atividades na tentativa de conquistar o apoio do eleitorado.
"Uma das coisas que se perspetiva é que tenhamos uma disputa um pouco mais acesa, ao longo dos próximos dias, concretamente na zona centro e norte com destaque para Sofala, Zambézia e Nampula, porque foram os locais em que identificámos sinais de confronto e isto promete um cenário catastrófico se os ânimos nos próximos dias não se acalmarem e não houver envolvimento das autoridades locais", alertou.
Na véspera do início das atividades de campanha, a CNE e o Presidente da República fizeram apelos para que todos os partidos conduzissem as suas campanhas de forma pacífica e ordeira, evitando qualquer tipo de violência ou comportamento que pudesse comprometer a ordem pública.
As eleiçõespresidenciais contarão com quatro candidatos: Daniel Chapo da FRELIMO, Ossufo Momade da RENAMO, Lutero Simango do MDM e Venâncio Mondlane, candidato independente apoiado pelo Podemos. Além da corrida presidencial, 35 partidos políticos concorrem para assentos no Parlamento e nas assembleias provinciais. Com um cenário político marcado por uma variedade de propostas e promessas, os próximos dias serão cruciais para definir o futuro político do país.