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Moçambique: População reclama da subida geral de preços

20 de janeiro de 2022

Moçambique começou 2022 com uma subida generalizada de preços de produtos básicos, aumento de imposto e uma polémica portagem. Economista alerta que o pior ainda está por vir com um provável aumento de crude.

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Mosambik I Fisch-Markt Maputo
Foto: Roberto Paquete/DW

Num dos terminais mais movimentados de Maputo, a Praça dos Combatentes, vulgo Xiqueleni, encontramos Custódio Rafael à espera de transporte. Residente em Marracuene, a pouco mais de 30 km do centro da cidade, faz ligações e por mês a conta chega ao equivalente a 90 euros.

"Por dia gasto quase 16 meticais. E fazendo as contas para todo o mês gasto seis mil meticais para uma pessoa, não está fácil", conta Rafael.

Para Maria Angela não é só o transporte que está a asfixiar os moçambicanos, "é energia, é água, tudo, não há nada que está melhor nos preços. Matrículas só foi antes de ontem que fui fazer" e termina dizendo que "uniformes ainda nem fui comprar".

Subida "não é comum"

A subida generalizada de preços, logo à entrada do ano 2022, não é comum no país diz a economista Estrela Charles do Centro de Integridade Pública (CIP), "tivemos a subida de preços de combustíveis, transportes públicos, produtos de primeira necessidade, os impostos, a energia".

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"É um conjunto de bens que tem aumentado de preço e de forma rápida e de forma conjunta", afirma a economista.

A vendedeira Joana Faustino queixa-se da falta de ajuste proporcional do salário à subida dos preços, "o salário, nada compensa naquilo que é a subida dos preços e o custo de vida”.

O orçamento das famílias moçambicanas alterou e Zito Ramos, funcionário público, tem de fazer alguns cortes no seu orçamento, "vai ser difícil. De algumas coisas não devemos nos alimentar. Vou comprar um saquinho de arroz, óleo, adaptar-me ao caril e vai ser muito difícil".

Subida de combustíveis piora o difícil

A economista e professora universitária Estrela Charles adverte que a vida dos moçambicanos poderá piorar por causa do aumento do preço de combustível no mercado internacional.

"Provavelmente num período muito curto teremos um novo aumento do preço de combustível e automaticamente um aumento ainda maior em termos daquilo que são os bens e serviços de primeira necessidade", explica a economista.

Na opinião de Charles, este aumento de preços "vai agravar ainda mais o nível de vida das populações, principalmente as de renda muito baixa".

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E recentemente o município de Maputo anunciou o agravamento do Imposto Pessoal Autárquico para o equivalente a pouco mais de sete euros. Joana Faustino preocupa-se, "o governo devia, pelo menos baixar os impostos se puder, porque o que a gente ganha não resolve nada, não chega".

Samuel Lichucha da Rede Nacional de Direitos Humanos diz que o aumento do imposto pessoal autárquico está descontextualizado "tendo em conta uma sequência de eventos indesejáveis de cujos impactos os cidadãos penosamente se ressentem".

E vem aí as portagens na circular de Maputo que vão custar o equivalente a 0,6 euros. Estrela Charles antevê um défice no orçamento familiar, "estamos a falar de dois mil meticais num orçamento de cada família. Será um custo muito elevado para o rendimento para o que as famílias já possuem".

E na cidade de Maputo, além do aumento do imposto autárquico para quem tem viatura vai pagar pelo estacionamento um valor de cerca de 1,3 euros mensal.

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