Moçambique tem das taxas mais altas de casamentos prematuros
6 de abril de 2017Segundo o relatório de 2016 da Rede da África Austral Contra Tráfico de Crianças (SANTAC), organismo que combate casamentos prematuros, cerca de 680.000 meninas contraíram matrimónio antes de completarem 18 anos de idade. Moçambique é um dos países com taxas mais altas a nível mundial de casamentos precoces, ocupando o 11º lugar, e o 2º lugar ao nível da África Austral.
"Os familiares que forçam as raparigas a casarem antes de completarem os 18 anos deviam pensar mais no futuro das jovens", afirma Constantino Júnior, Oficial de programas na organização não-governamental Rede Homens para e Mudança (HOPEM).
Júnior defende que "deveriam ter um pouco de paciência, não usar a filha como um investimento a curto prazo para poder ganhar dinheiro. A Rapariga quando casa antes dos 18 anos, não é só a gravidez. Temos muitos casos de raparigas que tiveram complicações de saúde e acabaram morrendo, como é caso da fístula que é consequência de casamentos prematuros, má formação dos bebés porque elas [raparigas] são menores e os órgãos reprodutores ainda não estão completamente desenvolvidos. É uma criança que nem cuidar dela consegue, é impossível”.
Futuro comprometido
Segundo especialistas, os casamentos precoces têm influenciado negativamente os esforços para a redução da pobreza e o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma vez que as raparigas são obrigadas a abandonar a escola.
Aldizarda Mboa, aluna de 15 anos de idade e residente no distrito de Morrumbene, disse à DW África que se recusa a casar antes do tempo porque sabe das consequências negativas: "Estou a dizer que não quero porque eu ainda não tenho 18 anos. Se me casar será a sério", concluiu.