Naufrágio em Maxixe faz 10 mortos e dezenas de feridos
18 de fevereiro de 2019As autoridades governamentais têm ignorado as péssimas condições que a população enfrenta na travessia da baía entre as cidades de Inhambane e Maxixe ou vice-versa, uma situação que nos últimos anos está na origem de frequentes problemas que se registam nos barcos que transportam passageiros entre as duas localidades.
No último domingo (17.02.) aconteceu o inesperado, quando uma embarcação com 80 pessoas a bordo se virou no cais de Maxixe, no sul de Moçambique, quando se preparava para partir para Inhambane, um percurso de cerca de três quilómetros.
10 pessoas morreram afogadas e muitas outras foram levadas para o hospital rural de Chicuque .
Avaria no motor
Laurinda Ernesto, uma das sobreviventes do acidente marítimo disse que o motor do barco pegou fogo e muitos dos passageiros em pânico acabaram por se atirar à água."Saiu faísca do motor e ficamos assustados...as pessoas começaram a afastar-se do local, houve uma grande agitação e o barco virou"
Castro Luís, outro sobrevivente do naufrágio na ponte cais na Maxixe, disse a DW África que saiu do barco quando se apercebeu da explosão do motor, mas a embarcação já metia água por todos os lados....
"O barco enquanto estava a virar-se joguei-me para água porque não tinha como sair..... estava perto do motor quando o meu colega também se apercebeu e disse-me que o motor estava arder. Foi uma grande confusão...todo mundo estava a sair em simultâneo e o barco devido o peso de um dos lados acabou por se virar”.
24 pessoas deram entrada no hospital
Arlindo Romão, porta-voz do hospital rural de Chicuque, em Maxixe, disse a imprensa que deram entrada no estabelecimento 24 pessoas. Alguns corpos sem vida continuam à espera que algum familiar compareça nas instalações para recolher o seu ente-querido.....
"Deram entrada neste hospital 24 pacientes dos quais três em estado grave e duas outras vão ser transferidos para o hospital provincial de Inhambane. Por outro lado, temos ainda três corpos não reclamados e os restantes já foram contactados pelas respetivas famílias. Um carro foi disponibilizado pela direção regional da saúde e que está a providenciar o transporte dos corpos”.Recorde-se, que em 2017 uma outra embarcação que saía da cidade de Inhambane com destino a Maxixe também teve um acidente do género no qual morreram mais de 9 pessoas. Na altura o Governo prometeu melhorar a situação de segurança mas até ao momento nada foi feito nesse sentido.
Ministro não promete nada
Carlos Mesquita, ministro dos Transportes e Comunicações, visitou as vítimas do acidente que se encontram internados no hospital de Chicuque, e num breve contacto com a imprensa não avançou qualquer informação concernente à construção de uma ponte, reclamada pelos residentes das cidades de Inhambane e Maxixe. O ministro reconheceu contudo o esforço de todos que ajudaram as pessoas no momento do acidente.
"É de reconhecer o esforço próprio das pessoas em tentar ultrapassar a situação, mas também a intervenção imediata que houve por parte das autoridades locais e todos aqueles que estavam no local do acidente”.