Moçambique: Técnicos do STAE reclamam subsídios em atraso
3 de janeiro de 2025"O que está a acontecer na administração estatal eleitoral é uma fantochada (...) Estão a dever-nos três meses de subsídios de 2024 e o 13.º de 2023", declarou à comunicação social o diretor adjunto distrital do STAE de Kachamanculo, Stelio Ndachata, à porta da sede da instituição na capital moçambicana.
Segundo o grupo, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) prometeu pagar os três meses em atraso até dezembro, mas, até agora, a nível do país, o valor ainda não foi pago aos técnicos que garantiram a operacionalização das duas últimas eleições em Moçambique, nomeadamente as gerais de 2024 e as autárquicas de 2023.
"Estamos a ser manipulados (...) Eles mentiram afirmando que os pagamentos já começaram, mas, depois de feitos os contactos com os nossos colegas de outras províncias, descobrimos que era mentira (...) É uma burla", acrescentou.
O grupo queixoso é composto por diretores, vogais e vice-presidentes aos níveis distritais e provinciais, pessoal técnico que garantiu, na base, a operacionalização do último ciclo eleitoral em Moçambique.
A Lusa tentou, sem sucesso, obter ma reação do departamento de comunicação do STAE.
As eleições gerais de 09 de outubro em Moçambique, orçadas em 284 milhões de euros, contaram com mais de 184.500 membros de mesas de voto, distribuídos pelos 154 distritos do país (180.075) e fora do país (4.436), segundo dados avançados pelos órgãos eleitorais no ano passado.
Em Moçambique funcionaram 8.737 locais de voto e no estrangeiro 334, correspondendo a 25.725 mesas de assembleia de voto no país e 602 assembleias no exterior, cada uma com sete elementos.
Em 23 de dezembro, o Conselho Constitucional, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da FRELIMO, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.
A sua eleição é, contudo, contestada nas ruas e o anúncio do CC aumentou o caos que o país vive desde outubro, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane - candidato que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos mas que reclama vitória - em protestos a exigirem a "reposição da verdade eleitoral, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
Confrontos entre a polícia os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.