Moçambique: Vila de Chinde ameaçada pela erosão
Não bastava o isolamento de uma vila que é também uma ilha. Chinde luta contra a erosão, e a população local, entre a luta pela sobrevivência, encontra tempo para a oração.
Lenta recuperação de batelão
Batelão, em estado obsoleto há dois anos, devido a uma avaria do motor. Os mecânicos tentam a reparação da embarcação, que fazia o trajecto marítimo da região de Luabo a Chinde, na província da Zambézia, por via marítima. A reparação ocorre, mas ainda não há sinais positivos para a sua reativação.
A ambulância doente
A ambulância naval está paralisada há cinco anos, devido a graves problemas mecânicos. Esta ambulância evacuava pacientes das ilhas de Chinde em estado grave, para Marromeu, na Província de Sofala.
Erosão destrói milhares de árvores
Milhares de árvores de frutas ficaram destruídas desde que a situação da erosão se agudizou nos últimos 20 anos. A maioria da população diz estar desesperada, não tendo onde se refugiar, uma vez que o distrito é uma ilha cercada a norte pelas águas do Oceano Índico e a sul pelo rio Zambézia, que liga as províncias de Sofala e Tete.
Dez por cento da população de Chinde afetada pela erosão
Informações do governo local indicam que este ano (2018), até ao mês de novembro, 35 casas e três armazéns ficaram destruídos, e que a situação está a afetar pelo menos 10 mil pessoas, num distrito (Chinde) que tem cerca de 100 mil habitantes .
Os "Bago Bago" ligam as ilhas
"Bago Bago": assim se chamam vulgarmente as pequenas embarcações a motor. A ilha de Chinde não possui embarcações convencionais, pelo que a população tem recorrido aos ″Bago Bagos” e a canoas a remos para atravessar as principais ilhas da região (nomeadamente Matilde, Salia, Nhangalasse, Marrabau e Pambane).
Chinde é vila centenária
A Vila de Chinde, que celebrou, a 13 de Setembro passado, 106 anos da sua elevação à categoria de vila, foi a primeira capital da província da Zambézia, antes da atual cidade de Quelimane. Quase 90 por cento das infra-estruturas foram construídas no tempo colonial, antes da independência de Moçambique.
Lembranças da passagem portuguesa
As sucatas dos navios portugueses na histórica oficina naval datam de há mais de 50 anos. Contos populares na Ilha referem que Chinde era um dos pontos de referência dos colonialistas portugueses, ao chegarem, por via marítima, de outros cantos do país ou de África.
Carpintaria é arte desenvolvida na ilha
Alem da pesca artesanal, a carpintaria é a outra principal arte da população da ilha de Chinde. Dezenas de jovens e adultos dedicam-se à construção de embarcações de transporte de passageiros e cargas, e de pesca. As maiores embarcações possuem 12 metros de comprimento, e a sua construção demora três meses, segundo explicou um dos artesãos no Bairro Liberdade, em Chinde.
Peixe é vendido nas ruas e mercados informais
O Distrito de Chinde é rico em recursos pesqueiros. Mulheres e crianças - essencialmente - dedicam-se à venda a retalho de peixe fresco, depois da sua captura no mar pelos pescadores artesanais. O peixe é vendido pelas ruas e mercados informais por valores que oscilam entre os 10 e os vinte meticais, dependendo da qualidade do produto.
A crença comanda a esperança...
A erosão atingiu situações críticas. A população tem-se organizado em grupo para orar, como alternativa em defesa das suas zonas de habitação, machambas e infra-estruturas sociais, que estão a ser destruídas. As orações juntam populares e crentes de diversas igrejas e mesquitas.
Chinde luta contra o isolamento
A Vila de Chinde é, na realidade, uma ilha. Dista perto de 400 quilómetros da atual capital da província da Zambézia, a cidade de Quelimane, por estrada, e cerca de uma hora no mar, pelos barcos a motor de pequeno porte. Raras vezes recebe turistas nacionais ou estrangeiros devido à difícil acessibilidade. No interior da vila, as ruas de acesso aos bairros são de terra batida.