Tibau: "Música de Cabo Verde é como a kachupa, leva tudo"
8 de julho de 2017Fez o público do Africa Festival em Würzburg, aqui na Alemanha, abanar bem o pé em finais de maio passado. O motivo: batida ocidental forte à mistura com outras não menos fortes de Cabo Verde. No final do concerto falamos com um dos responsáveis por isso, o músico cabo-verdiano Tibau.
DW África: A mistura de ritmos de Cabo Verde com o tecno na sua música é uma outra forma de internacional a música do seu país?
Tibau: Sim, verdadeira forma de internacionalizar a música de Cabo Verde. Começamos esta batida, o tecno, em 2003 na gravação do primeiro disco com a banda Pupkulies und Rebecca. Gravámos em Cabo Verde e depois viemos dar tratamento a gravação aqui na Alemanha, o disco fez muito sucesso. Agora temos o novo disco no mercado e espera que tenha o mesmo sucesso.
DW África: A fusão é uma das suas marcas. De onde surge essa inovação?
T: Componho para muitos artistas de Cabo Verde e a banda [Pupkulies und Rebecca] queria uma fusão com a música de Cabo Verde, quiseram fazer comigo e tentamos esta forma de tocar, estamos no bom caminho.
DW África: Juntou-se banda alemã Pupkulies und Rebecca. Como surgiu este casamento?
T: O líder da banda, o Jans, quando era pequeno passou cerca de dois anos em Cabo Verde e depois voltou para a Alemanha, mas sempre quis fazer algo com Cabo Verde por causa da infância. Então ele sempre fazia propostas quando ía de férias a Cabo Verde e seguimos em frente.
DW África: Esse seu ritmo é bem aceite nos palcos do mundo? Essa mistura entre o tecno e o tradicional de Cabo Verde?
T: Sim, muito bem aceite, principalmente aqui na Europa depois do primeiro disco "Pupkulies und Rebecca play Tibau", o primeiro álbum, que nos deu acesso a muitos acesso aqui na Europa, tocamos em toda a Europa, foi um grande sucesso em todos os palcos e vendemos muitos discos. Fiquei muito conhecido aqui na Europa por causa deste casamento.
DW África: Mesmo tendo apostado neste casamento a sua cabo-verdianidade é a matriz da sua música. Como Maio, a sua terra natal, se faz presente nas suas canções, na sua música?
T: Fiz o casamento simplesmente nos ritmos, não vou tirar a essência da minha música porque sou compositor, músico, arrangista e faço muita coisa com a música. Portanto, acho que a nossa música é muito rica e há outras pessoas que já fizeram grande sucesso com a música de Cabo Verde e acho que esta música é muito bem aceite no mundo e por isso não necessidade de retirar a essencia da música, apenas damos mais força a música.
DW África: Como compositor algumas das suas letras foram celebrizadas por figuras como Lura. Como se sente nesse papel ao criar para cantores que brilham nos palcos internacionais?
T: A minha primeira música gravada pelos intérpretes foi a canção intitulada "Tradição", cantada por Gabriela Mendes, a seguir a Lura gravou duas músicas "Ponciana" e "Asagua", depois compus para a Ceuzany e agora há muitos artistas a pedirem música para gravação.
DW África: Que influência a música de Cabo Verde tem dos tempos de escravatura?
T: Muita influência, repare no batuku é uma música africana. Por exemplo, a música que o Tcheka toca não é uma música [típica] de Cabo Verde, é uma fusão de músicas que existem em Dakar, no Mali e em toda África. Costumo dizer que a nossa música é como catchupa, você pode por peixe, repolho, carne... A música de Cabo Verde leva tudo, mas nunca sai dos ritmos de Cabo Verde. Você pode por tudo na kachupa, mas é sempre kachupa.
DW África: Marca própria?
T: Marca própria!