NATO preocupada com aproximação militar China-Rússia
17 de fevereiro de 2023Vários chefes de Estado e de Governo, ministros e líderes de organizações internacionais vão marcar presença nos próximos dias na Conferência de Segurança de Munique, que arrancou esta sexta-feira (17.02), na Alemanha. A poucos dias de se completar um ano desde a invasão russa da Ucrânia, o conflito será o tema dominante da conferência, que decorre até domingo.
Em declarações, esta sexta-feira (17.02), no evento, o secretário-geral da NATO Jens Stoltenberg afirmou que a Aliança "acompanha de perto" a aproximação entre Rússia e China no campo militar e avisou que Pequim está atenta à invasão na Ucrânia.
"Acompanhamos de perto o crescimento e o fortalecimento das relações entre a China e a Rússia. Vemos que eles operam mais juntos, fazem exercícios juntos: patrulhas navais, patrulhas aéreas conjuntas", reconheceu Stoltenberg.
"Sabemos que Pequim está a acompanhar de perto a guerra na Ucrânia. Porque se o Presidente (russo, Vladimir) Putin vencer aí, isso afetará os cálculos e as decisões que tomam em Pequim", defendeu Stoltenberg.
O secretário-geral da NATO disse ainda que a sua principal mensagem para o povo da Ucrânia é que "os aliados e parceiros da NATO estarão com a Ucrânia pelo tempo que for necessário" e assegurou que a Aliança Atlântica "não permitirá que o Presidente Putin vença esta guerra".
"Não há alternativa" à vitória ucraniana
Numa intervenção, em formato vídeo, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou aos aliados para acelerarem o apoio à Ucrânia, insistindo que "não há alternativa" à vitória ucraniana.
"Precisamos de velocidade. Velocidade para concluir os nossos acordos, velocidade nas entregas para reforçar o nosso combate, velocidade das decisões para limitar o potencial russo. Não há alternativa à velocidade, porque dela depende a vida", disse.
"Não há alternativa à vitória da Ucrânia. Não há alternativa à Ucrânia na União Europeia (UE). Não há alternativa à Ucrânia na NATO", sublinhou.
Zelensky acrescentou que o Presidente russo, Vladimir Putin, "tenta ganhar tempo para a sua agressão" e "apostar numa fadiga das partes".
Scholz pede tanques para Kiev
Na mesma ocasião, o chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu aos países que podem entregar tanques de combate à Ucrânia para o fazerem, constatando que os envios prometidos pelos aliados estão atrasados.
Para Scholz, o apoio militar à Ucrânia, contra a invasão russa, deve continuar, pelo que "isso implica que todos os que podem fornecer os tanques de batalha o façam, efetivamente".
Durante a Conferência de Segurança de Munique, o chefe do Governo alemão prometeu conduzir "uma campanha intensa" para que os aliados avancem no que diz respeito ao envio dos carros blindados.
"Não é tempo de diálogo", diz Macron
Por seu turno, o Presidente francês, Emmanuel Macron, admitiu que os aliados estão preparados "para um conflito prolongado" na Ucrânia, exortando os países que apoiam Kiev a serem "credíveis" nos seus esforços e a "reinvestirem massivamente" nas respetivas defesas.
"Estamos preparados para um conflito prolongado. Ao dizer isto não significa que o deseje. Mas, sobretudo se não o desejamos, devemos coletivamente ser credíveis na nossa capacidade em prosseguir esse esforço", acrescentou.
Macron afirmou ainda que os aliados devem intensificar o seu apoio "para ajudar a resistência do povo e do exército ucranianos e permitir que estes levem a cabo a contraofensiva que, por si só, permitirá negociações credíveis nas condições escolhidas pela Ucrânia, pelas suas autoridades e pelo seu povo".
"Hoje, muito claramente, não é tempo de diálogo", reconheceu Macron, que tem tentado manter canais de diálogo com o Presidente russo, Vladimir Putin, uma postura que tem suscitado críticas de alguns países europeus, em particular da Ucrânia.
A vice-Presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o diretor do Gabinete da Comissão de Negócios Estrangeiros do Partido Comunista da China, Wang Yi, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, são alguns dos nomes que vão passar por Munique. Nenhum representante russo está anunciado, até à data, na conferência.