Negócio de camiões de lixo cheira mal à FRELIMO
4 de abril de 2018Há um braço de ferro entre a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na Assembleia Municipal da Beira. Em causa está um negócio que não cheira bem à FRELIMO. No início desta semana, o partido denunciou um suposto desvio de cerca de nove milhões e meio de meticais (cerca de 118 mil euros), alegadamente ocorrido em agosto de 2017, para adquirir dois camiões porta-contentores de lixo. Os veículos foram depois enviados para o município de Quelimane.
A FRELIMO diz que a aquisição foi ilegal porque não passou pela apreciação das bancadas. "O Conselho Municipal adquiriu meios de transporte para recolha de resíduos sólidos e os mesmos foram alocados à cidade de Quelimane de uma forma que fere a própria sensibilidade de gestão do município da Beira", criticou Manuel Severino, chefe da bancada do partido na Beira.
O presidente do Conselho Municipal da Beira já afirmou que não houve qualquer desvio de fundos. Daviz Simango esclareceu que existe um acordo de geminação entre os municípios da Beira e de Quelimane.
E foi nesse âmbito que foi acordado que o Conselho Municipal da Beira iria lançar um concurso para a aquisição dos camiões em causa e mais 12 contentores - tudo financiado pelo Programa de Desenvolvimento Municipal (PRODEM).
A versão é confirmada pelo coordenador do PRODEM no Conselho Municipal de Quelimane, Ascensão Chauchane (na foto).
"E para além da aquisição de outros equipamentos, estava contemplada também a aquisição de porta-contentores, uma vez que existe um acordo de geminação entre o município de Quelimane e o município da Beira", lembra o responsável.
O lixo da discórdia
O lixo continua, entretanto, a ser motivo de discórdia na Beira. Esta terça-feira, a FRELIMO foi acusada pelo município de espalhar lixo pelas artérias da cidade, facto que resultou na apreensão do camião que transportava os resíduos.
A FRELIMO diz que apenas estava a retirar das ruas lixo que incomodava os munícipes. "O que teria acontecido é que um dos nossos membros, porque não podia coabitar com resíduos sólidos dentro da sua casa, optou por despejá-los naquele local", explica Manuel Severino, lembrando que "é um local que o Conselho Municipal oficializou para deitar lixo."