Niassa lança campanha para combater desnutrição infantil
27 de outubro de 2022A desnutrição crónica infantil está a afetar perto de metade das crianças até aos cinco anos de idade na província moçambicana do Niassa. Uma estatística alarmante, segundo a governadora Judite Massengele. "A província de Niassa está com 43,3% de desnutrição crónica em crianças dos 0 aos 5 anos de vida, tendo vários efeitos, e graves", adianta.
"As sequelas intelectuais e físicas causadas pela desnutrição crónica são irreversíveis depois dos dois anos de idade", lembra a governadora, alertando para a necessidade de "garantir a qualidade de vida das famílias".
O Niassa é um grande produtor agrícola de cereais, legumes, hortícolas, raízes, tubérculos e oleaginosas. Este ano, a produção deve atingir quase 770 mil toneladas de alimentos, segundo o Governo. Como se explica, então, a elevada taxa de desnutrição crónica infantil?
De acordo com Judite Massengele, o aumento de casos deve-se à falta de consciencialização e conhecimento sobre a nutrição, práticas de higiene e saneamento limitado na província. Por isso, foi lançada uma campanha contra a desnutrição.
"Pensamos que as pessoas têm de estar cientes dos aspetos relacionados com a nutrição, a relação entre a dieta e a saúde. Quer dizer que, se uma pessoa estiver bem nutrida, a saúde dela também é boa", salienta. "A campanha contra a desnutrição serve como um apelo a uma maior consciência e solidariedade para assegurar o alcance dos compromissos provinciais, nacionais e globais assumidos pelo país, visando a melhoria da segurança alimentar e nutricional ate em 2030", explica a governadora.
Consumir aquilo que se produz
Para tentar combater a desnutrição crónica infantil, as autoridades iniciaram uma campanha entre as mulheres produtoras agrícolas na província. A diretora de Agricultura e Pescas no Niassa, Mijoia Caetano, tem incentivado o consumo dos alimentos por elas produzidos.
O apelo foi lançado recentemente pela "necessidade de protegê-las do estado da insegurança alimentar, incentivando-as a consumir os produtos ricos em nutrientes produzido por elas e não colocando todos os produtos à venda", explica a responsável.
A representante das produtoras e mulheres rurais no Niassa, Noémia Luciano, também defende o combate à desnutrição infantil através do consumo dos seus produtos agrícolas: "Venho informar as mães rurais que podemos produzir, vender e consumir para o bem estar da nossa família e bom crescimento das nossas crianças. As galinhas que nós produzimos também servem para a nossa alimentação. A alface que produzimos também serve para a nossa alimentação. Nós temos hábitos de produzir e vender tudo ficando a sofrer nas nossas casas", alerta.