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Nigéria: Muhammadu Buhari lidera contagem nas presidenciais

Maria João Pinto / Ubale Musa31 de março de 2015

Resultados preliminares revelam que o candidato da oposição Muhammadu Buhari obteve 12 milhões de votos contra dez milhões do Presidente Goodluck Jonathan. O anúncio dos resultados é retomado esta manhã (31.03).

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Foto: AFP/Getty Images/P. Utomi Ekpei

Depois de contados os votos em 18 dos 36 estados do país e na capital federal, Abuja, Muhammadu Buhari segue para já na liderança, vencendo em dez estados. O atual Presidente, Goodluck Jonathan, venceu em oito estados e na capital federal.

Apesar do ambiente de calma registado durante a contagem dos votos, esta segunda-feira (30.03) surgiram receios de fraude eleitoral. Os Estados Unidos da América (EUA) e o Reino Unido expressaram a sua preocupação perante uma possível "interferência política deliberada" no processo de contagem dos votos. Um receio já rejeitado pela comissão eleitoral nigeriana.

Elogios e críticas ao processo

Ambos os países, no entanto, aplaudiram as eleições que a Nigéria completou no domingo (29.03), depois dos problemas no sistema eletrónico e da falta de segurança que obrigaram ao prolongamento da votação em 300 postos eleitorais por mais um dia.

Nigeria Wahlbeobachter
Missão de observadores da União Europeia elogiou as eleições na NigériaFoto: DW/U. Musa

Também a missão de observadores da União Europeia (UE), numa conferência de imprensa em Abuja, elogiou o decorrer do processo eleitoral. "A missão aplaude os esforços da Comissão Eleitoral para manter o mais alto nível de imparcialidade em circunstâncias difíceis e sob forte tensão", declarou Santiago Fisas, chefe da missão de observação européia.

Apesar dos elogios, também houve espaço para críticas na conferência de imprensa. "Em geral, o processo de votação foi desorganizado e demorado. Ainda assim, a missão de observadores não registou evidências de manipulação sistemática", disse Hannah Roberts, número dois da missão de observadores europeus.

Receios de violência pós-eleitoral

A contagem dos votos decorre sob o olhar atento da população nigeriana e da comunidade internacional. Perante o risco de violência pós-eleitoral, que em 2011 fez pelo menos mil mortos no país, a União Africana (UA) apelou ao recurso "aos meios legais existentes em caso de contestação dos resultados" da eleição.

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Neste contexto, o Governo da Nigéria impôs o recolher obrigatório no Estado de Rivers, no sul do país, devido a tumultos ocorridos após o anúncio dos resultados locais.

Javier Nart, que lidera uma delegação de deputados europeus no país, lança o aviso a todas as partes envolvidas nas eleições: "A UE e o Parlamento Europeu condenam todas as tentativas de incitação à violência. Exigimos que os responsáveis sejam julgados pelas suas acções. Rejeitamos quaisquer tentativas de obter vantagem política através de fraude ou violência."

Ataques do Boko Haram

Na segunda-feira (30.03), a Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou que o grupo radical islâmico Boko Haram não foi capaz de interromper o processo eleitoral na Nigéria, apesar de vários ataques no nordeste do país.

Em Bauchi foi declarado o recolher obrigatório após combates entre os extremistas e as forças do Governo. No sábado (28.03), vários ataques a mesas de voto no estado de Gombe mataram pelo menos sete pessoas.

A popularidade do Presidente Goodluck Jonathan tem vindo a sofrer os efeitos dos ataques dos extremistas islâmicos, que já mataram 7.300 pessoas desde o início de 2014.

Wahl in Nigeria
Foram registados confrontos em alguns estados devido a atrasos no processoFoto: Reuters/Afolabi Sotunde