No Niassa, jovens consomem cada vez mais álcool
20 de julho de 2017O consumo de álcool, tanto de fabrico industrial como caseiro, está a aumentar exponencialmente no seio dos jovens da província do Niassa, no norte de Moçambique. Uma das razões apontadas é a falta de ocupação profissional; o stress é outro dos motivos que levam os jovens a beber.
[Bebo para] "esquecer o que eu já sofri na minha vida, [por causa do] stress. O stress pode matar alguém", explica Ângelo Almeida à DW África, já em claro estado de embriaguez.
Dionísio Jone, um estudante que se junta com os seus amigos para beber numa barraca na cidade de Lichinga, diz que usa o ácool para "aliviar alguns sentimentos", "uma pessoa tem que pôr álcool para esquecer algumas coisas", acrescenta. A frequentar o 12.º ano, o jovem diz que o álcool o "ajuda a pensar bem".
Alcoolismo preocupa organizações
Paulo Phatama, presidente do Conselho Provincial da Juventude no Niassa não tem dados concretos sobre o número de jovens que se entregou ao vício, mas diz sentir que "a juventude da província se alimenta de desesperança e então [os jovens] pensam que a única solução para eles e para não sentirem stress é consumindo álcool". Phatama admite que muitos jovens aliam o consumo de álcool às "drogas, que alteram a mente dos nossos jovens".
Paulo Phatama disse ainda que há esforços a vários níveis com vista a inverter este cenário na província do Niassa, mas os jovens não sabem esperar. "A juventude quer tudo na hora e tudo certo sem nenhuma falha, o que não é possível", afirma.
O presidente do Conselho Provincial da Juventude considera que "o governo está a fazer um esforço maior" para combater o problema, mas "não é possível atender a 100% às preocupações dos jovens", que constituem a maior parte da população.
Trabalho contínuo, que não é rápido o suficiente
Jorge Cazembe, responsável de saúde mental na Direção de Saúde na província do Niassa, realça os esforços do Governo moçambicano, como a criação de uma enfermaria especializada para este tipo de casos, bem como a criação de núcleos nos centros de saúde e escolas secundárias para combater o problema.
"Não temos centros vocacionais específicos, mas temos alguns meios que o ministério [criou], através da direção provincial de saúde do Niassa", por exemplo, "nas unidades sanitárias onde os técnicos estão, existe um espaço onde o técnico de psiquiatria tem diuas camas", explica Cazembe.
O presidente do Conselho Provincial da Juventude no Niassa, Paulo Phatama, apela aos jovens para que não se entreguem aos vícios e que optem por trabalhos rentáveis, para que possam ter uma vivência saudável em sociedade.