Nova diretora da CPLP defende avaliação contínua da adesão da Guiné Equatorial
4 de fevereiro de 2014A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) segue com atenção o Plano de Ação acordado com o Governo de Malabo no âmbito do polémico pedido de adesão da Guiné-Equatorial a membro de pleno direito da organização lusófona.
Entre as medidas, o Estado africano chefiado pelo Presidente Teodoro Obiang Nguema terá de banir da sua Constituição a prática da pena de morte.
Georgina Benrós de Mello, a nova diretora da organização, disse em entrevista à DW África que várias missões da CPLP têm feito o devido acompanhamento do referido plano: "Vai-se continuar a fazer o devido acompanhamento, se os planos acordados estão ou não a ser cumpridos". E destaca que quando a cimeira entender que o grau de cumprimento é satisfatório a adesão daquele país poderá acontecer.
A nova diretora da CPLP aponta ainda os pontos que devem ser mudados por Malabo antes da adesão: "Que a qualidade da vida das pessoas mudou, que as comunidades estão a obedecer aqueles cânones que respeitam o príncipios da CPLP, a cimeira em questão tomará a decisão a seu tempo."
Portugal é, entre os países membros, o único que se opõe à admissão deste país africano, que já goza do estatuto de observador desde 2006.
Malabo primeiro deve respeitar os cânones da CPLP
Georgina Mello acredita que a língua portuguesa é um património histórico que poderá alargar-se à Guiné Equatorial pelo interesse económico subjacente ao desejo de adesão formulado em 2010. "Eu entendo que é do interesse da CPLP que eles façam parte, se eles estão a fazer um esforço muito grande, aceitaram cumprir um plano de trabalho para cumprir, para resolver os problemas de direitos humanos, a questão da pena de morte", defendeu.
Este dossier, já adiado na cimeira de Maputo de 2012, voltará a estar na agenda da próxima reunião dos chefes de Estado e de Governo, que terá lugar na capital timorense, Díli, em julho deste ano.
Por outro lado, Georgina Mello, que iniciou funções esta segunda-feira (03.02.), aplaude os esforços em curso para se ultrapassar a crise político-militar que opõe o Governo da FRELIMO e as forças da RENAMO, principal partido da oposição em Moçambique.
E manifestou otimismo em relação ao processo negocial. "É que efetivamente estão em curso esforços de busca de soluções negociadas. Eu acredito que a solução de todos os problemas. Portanto, eu acredito que é esse o caminho e que se vai encontrar a solução, ninguém deseja a guerra, todos querem o progresso", declarou.
No dia em que iniciou funções, a economista cabo-verdiana defendeu uma Comunidade Lusófona com mais conteúdo, aberta – 18 anos depois da sua criação – ao reforço da participação empresarial e da sociedade civil.
Mais concretamente, ela quer pôr a organização a fomentar iniciativas que possam dar sustentabilidade aos esforços dos Governos e dos Estados-membros: "Desenvolver mais as relações entre os nossos países, para que haja mais relação social, mas também mais relação económica e financeira, mais circulação de pessoas e bens, de mercadoria e serviços, porque é com o comércio que se melhora a qualidade de vida das pessoas."
Incremento das relações comerciais e económicas
Falando de instrumentos de apoio, Georgina Mello aponta vários parceiros, entre estes as organizações e instituições financeiras internacionais.
Uma delas é a Organização Mundial do Comércio (OMC), que tem à sua frente o brasileiro Roberto de Azevedo. "E é um indicador de que poderemos contar com essa organização, vamos ver como para que a sua ação nos nossos países sejam mais efetiva, para que possamos trazer maior suporte as ações dos governos na realização dos seus compromissos de adesão", adiantou.
A produção agrícola e a segurança alimentar nos países membros fazem parte dos desafios.
Segundo a nova diretora geral, esta nova visão corresponde aos anseios da comunidade internacional que, ao delinear a Agenda pós 2015, tem em conta a realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio fixados pelas Nações Unidas.
Georgina de Mello substitui o guineense Helder Vaz Lopes, que voltou à vida política na Guiné-Bissau.
A nova diretora da CPLP já disse que uma das suas principais tarefas será a de dar “mais conteúdo de sociedade e empresa” à organização lusófona, ou seja, propõe o reforço da abertura da organização à sociedade civil e empresarial.