Sinal de esperança para a Ecclésia com nova gestão
14 de dezembro de 2016O regresso do diretor Maurício Camuto "vai criar uma certa estabilidade nas várias situações internas" da Rádio Ecclésia, afirma o bispo José Manuel Imbamba, porta-voz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) em entrevista à DW África.
"Vamos, pois, dar esses voos que nós pretendemos com a rádio", acrescenta. "A Ecclésia, como temos vindo a dizer, é uma rádio de evangelização. Nós queremos educar a sociedade para a paz, para a democracia, para a justiça, para o convívio harmonioso e para a reconciliação nacional."
O padre Camuto foi nomeado para um período de três anos, renováveis.
Corrigir erros do passado
Para os fiéis católicos, ouvidos pela DW, este regresso trará a recuperação da credibilidade e da audiência que a Emissora Católica de Angola perdeu nos últimos anos, por um alegado clima de censura instalado na redação a favor do Governo do Presidente José Eduardo dos Santos.
"Com a mudança de direção, vamos esperar que a rádio trabalhe para que os erros cometidos pela direção antiga não sejam repetidos", afirma Joaquim Lopes da Silva, da paróquia da Nossa Senhora de Fátima, na diocese de Benguela. E recorda que, como rádio eclesiástica, a Ecclésia tem de se pautar "apenas pela verdade [e] não tentar ocultar algumas verdades para defender esta ou aquela pessoa."
Outro desafio que os fiéis católicos esperam ver ultrapassado é a expansão do sinal da Rádio Ecclésia a todo o país. Um deles diz que "a nova [direção] deve estruturar as rádios locais e começar a trabalhar." Conseguir escutar a rádio apenas na capital, Luanda, "não tem sentido". "Diz-se que a voz do povo é a voz de Deus, então [ela] deve estar em toda a parte de Angola", conclui o angolano.
Esperança
Quem também augura novos tempos na direção da Rádio Ecclésia é o presidente do Instituto de Comunicação Social da África Austral em Angola (MISA-Angola).
"Quer-me parecer que o padre Camuto é uma pessoa íntegra", diz Alexandre Solombe.
O padre "formou uma boa equipa naquela altura", entre 2007 e 2010, sublinha, embora o novo diretor da Ecclésia não tenha uma missão fácil pela frente: "Há muita tentação material neste meio. Raras são as vezes em que as pessoas não escorregam." Solombe lembra o passado recente da estação: "Foi isso que aconteceu com a anterior direção [...] Veremos, então, como é que a Rádio Ecclésia vai ser conduzida nos próximos tempos."