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Novo Governo moçambicano toma posse esta segunda-feira

Leonel Matias (Maputo) / Lusa19 de janeiro de 2015

Executivo tem menos ministérios e inclui vários jovens. RENAMO e MDM, na oposição, acusam o Presidente Filipe Nyusi de ter criado um Governo de base partidária, contrariando o discurso que proferiu na tomada de posse.

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O Presidente Filipe Nyusi tomou posse quinta-feira (15.01) e prometeu formar um Governo com base no mérito e na competênciaFoto: DW/Leonel Matias

O novo Governo toma posse esta segunda-feira (19.01), no Palácio da Ponta Vermelha, residência oficial do chefe de Estado, em Maputo, após ter sido anunciado no último sábado (17.01) pelo Presidente Filipe Nyusi, 48 horas após a sua investidura.

Nyusi nomeou para o cargo de primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário, embaixador de Moçambique na Indonésia, Timor-Leste, Tailândia, Malásia e Singapura. Anteriormente, o agroeconomista, de 61 anos, foi ministro da Agricultura e Pescas e governador das províncias da Zambézia e Tete, no centro.

O novo Governo tem 22 ministérios, menos sete que o anterior Executivo, do qual transitaram apenas seis ministros e dois vice-ministros.

O destaque vai para a manutenção no cargo do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói, e do ministro da Defesa, Agostinho Mondlane, que passa a ocupar a pasta de ministro do Mar, Águas Interiores e Pescas.

A antiga ministra na Presidência para os Assuntos Parlamentares, Adelaide Amurane, passa a ser a ser a ministra na Presidência para os Assuntos da Casa Militar.

Mudança geracional

Além da redução do número de ministérios, o analista Gil Laurenciano destaca que na composição do novo Governo é possível notar "que há muita tendência tecnocrata". Agora, acrescenta, é preciso "ficar à espera de ver a tendência meritocrática".

Novo Governo em Moçambique

Filipe Nyusi é o quarto Presidente de Moçambique independente, mas o primeiro com um perfil tecnocrata e sem protagonismo na luta armada que conduziu à independência do país em 1975.

Gil Laurenciano considera que a mudança geracional está reflectida no novo Executivo. "Também há um pouco de juventude, quase uma ruptura completa com a geração libertadora," salienta.

"O nível de exigência que vão sentir só pelo facto de termos ainda muitos históricos fora vai ser muito grande", responde o analista quando questionado sobre o que se pode esperar desta nova geração. "Prevejo um Governo com uma tendência de eficiência muito grande".

Para Gil Laurenciano, o principal desafio do novo Executivo é "resolver o problema da estabilidade política".

Críticas da oposição

Os dois principais partidos da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), consideram que o Presidente Filipe Nyusi, contrariando a promessa que fez durante o discurso que proferiu na cerimónia da sua investidura (15.01), criou um Governo de base partidária.

RENAMO-Führer Afonso Dhlakama
Líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, continua a não reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de outubroFoto: António Cascais

O líder da RENAMO, Afonso Dlakhama, ameaçou reagir se dentro de uma semana a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), no poder, continuar a rejeitar a sua exigência para a criação de um Governo de gestão, em protesto contra os resultados eleitorais.

O líder histórico do principal partido de oposição e candidato derrotado nas últimas presidenciais disse à agência de notícias Lusa que vai realizar uma reunião, na terça-feira (20.01), em Caia, província central de Sofala, com os principais quadros do partido, incluindo os 89 deputados que faltaram à cerimónia de posse da Assembleia da República (09.01), para discutir a estratégia do partido e que passa pela criação da "república autónoma do centro e norte de Moçambique".

Lista completa do novo Governo:

Primeiro-ministro - Carlos Agostinho do Rosário

Ministros:

Economia e Finanças - Adriano Afonso Maleiane

Negócios Estrangeiros e Cooperação - Oldemiro Balói

Interior - Jaime Basílio Monteiro

Defesa Nacional - Atanásio Ntumuke

Agricultura e Segurança Alimentar - José Pacheco

Administração Estatal e Função Pública - Carmelita Namashulua

Trabalho, Emprego e Segurança Social - Vitória Diogo

Presidência para os Assuntos da Casa Civil - Adelaide Amurane

Mar, Águas Interiores e Pescas - Agostinho Salvador Mondlane

Recursos Minerais e Energia - Pedro Conceição Couto

Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos - Abdurremane Lino de Almeida

Saúde - Nazira Abdula

Juventude e Desportos - Alberto Hawa Januário Nkutumula

Género, Criança e Ação Social - Cidália Chaúque Oliveira

Educação e Desenvolvimento Humano - Luís António Ferrão

Indústria e Comércio - Ernesto Tonela

Transportes e Comunicações - Carlos Alberto Fortes Mesquita

Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural - Celso Correia

Cultura e Turismo - Silva Dunduro

Combatentes - Eusébio Lambo Gumbiwa

Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional - Jorge Nhambiu

Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos - Carlos Bonete Martinho

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