Novo surto de ébola na RDC já atinge dez localidades
3 de agosto de 2018O vice-diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Preparação e Resposta a Emergências, Peter Salama, afirmou esta sexta-feira (03.08), em conferência de imprensa, que "segundo os resultados de laboratório mais recentes, parece muito provável que se confirme que se trata da estirpe Zaire".
A OMS espera ter os resultados da análise da sequência genética da estirpe na próxima terça-feira (07.08). Se se confirmar que se trata da variante Zaire da doença, a organização já está a preparar vacinas.
Segundo Peter Salama, é "uma notícia simultaneamente boa e muito má", já que a variante Zaire é a "mais mortífera" de todas. "A boa notícia é que, apesar de se tratar de um produto ainda em investigação, temos uma vacina segura", que poderá ser disponibilizada, a partir de Kinshasa, onde a OMS dispõe de 3.000 doses da vacina da farmacêutica Merck, referiu.
"Podemos disponibilizar até mais 300.000 [doses] muito em breve", adiantou o vice-diretor-geral, que advertiu que a dificuldade consiste em reconstituir todos os contactos com o vírus numa área vasta e numa "zona de guerra onde há muito pouco acesso". Há mais de cem grupos armados na região.
Especialistas no terreno
A OMS tem desde quinta-feira (02.08) no terreno 30 especialistas, além de mais 50 em prontidão. Para responder ao novo surto, a organização dependerá da logística do Programa Mundial de Alimentos (PAM) e a proteção da missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (RDC).
Até ao momento são conhecidos "prováveis casos de contacto [com o vírus] em dez locais", todos em Mangina, na província do Kivu do Norte. ou à volta desta localidade, precisou o vice-diretor-geral da OMS. Também existem casos suspeitos na província de Ituri e na cidade de Beni.
"Até ao momento, foram confirmados, em laboratório, quatro casos de ébola e registaram-se 20 mortes, mas a organização "ainda não pode afirmar se se trata de casos prováveis ou confirmados", acrescentou.
Segundo Salama, o "doente zero" do novo surto pode ser uma mulher de 65 anos, que morreu em finais de julho num hospital de Mangina e foi enterrada sem que tenham sido adotadas medidas para prevenir a expansão da epidemia. Sete dos seus familiares mais diretos também já morreram.
O fim do surto anterior, ocorrido na província do Equador, foi declarado na semana passada, deois de terem sido registados 54 casos (38 confirmados e 16 possíveis) e 33 mortos.