Novos ataques a autocarros no centro de Moçambique
23 de maio de 2016Esta segunda-feira de manhã, oito pessoas ficaram gravemente feridas num ataque a um autocarro na região de Nhamapanza, segundo um automobilista. Durante o fim-de-semana, outras cinco pessoas foram baleadas na EN1, a principal estrada do país, que atravessa a província da Zambézia. Duas delas estão em estado crítico no Hospital Provincial de Quelimane.
Mateus Joaquim, médico no hospital, informou que alguns dos cidadãos baleados, entre os 30 e os 50 anos de idade, são tanzanianos e zimbabueanos.
O porta-voz do comando provincial da polícia da Zambézia, Jacinto Félix, recusou-se, no entanto, a avançar detalhes sobre o assunto. Comentou apenas que, em geral, a situação está "calma" ao nível da província e classificou algumas informações avançadas por populares como "especulações".
Críticas
Em resposta, vários automobilistas acusam as autoridades moçambicanas de fazer pouco para manter a paz no país. "A situação está péssima", desabafa um condutor ouvido pela DW África. "Os passageiros querem viajar mas não há maneira. E nós sobrevivemos como? Estamos a passar mal." É preciso pôr fim à tensão político-militar na região centro do país de uma vez por todas, refere outro cidadão: o Governo e o maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) "têm de conversar!"Segundo Sérgio Pantié, vice-chefe da bancada parlamentar do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), é urgente desarmar o partido da oposição para acabar com os confrontos.
"A RENAMO não sabe se é um partido político ou um movimento de guerrilha, dividido por diferentes partes do nosso país e em particular na zona centro", diz Pantié. "A guerra não pode servir para resolver conflitos eleitorais. Tentar desestabilizar o país, atacar civis, atacar instituições, pôr em causa a unidade nacional, reclamando resultados [em eleições] em que ela mesmo sabe que perdeu, não cabe na cabeça de ninguém."
O delegado político da RENAMO na Zambézia, Abdala Ussifo, disse à DW África que visitou alguns distritos da província para avaliar as atividades do seu partido, mas mostrou-se indisponível para falar sobre a tensão político-militar.