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Novos números da Covid-19 preocupam Moçambique

Leonel Matias (Maputo)
8 de junho de 2020

Moçambique está entre os 20 países do mundo com a mais rápida taxa de propagação do novo coronavírus, segundo o Instituto Nacional de Saúde. Organizações da sociedade civil defendem medidas emergenciais.

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Mosambik Pemba | Coronavirus | Kampf gegen Covid-19
Moçambique está entre os 20 países do mundo com a taxa mais rápida de propagação do novo coronavírus. Foto de arquivo.Foto: DW/D. Anacleto

Na última semana, Moçambique passou da trigésima quinta para a vigésima posição entre os países com a mais rápida taxa de propagação da Covid-19 no mundo. O Diretor Nacional Adjunto de Saúde, Eduardo Samo Gudo, disse a jornalistas que o número de casos do novo coronavírus no país está a duplicar-se a cada 13 dias, enquanto a taxa de duplicação mundial é de 35 dias.

Samo Gudo acrescentou que a taxa de positividade - a proporção entre o número de casos positivos e o total de casos suspeitos testados - subiu de 2% para 3%. Além disso, o número de infeções por um milhão de habitantes passou de sete para 13.

"Em sete dias de junho, atingimos um número de casos similar a aquele que foi atingido no mês de maio em 31 dias. Isto antevê um mês de junho complicado sob o ponto de vista de casos da Covid-19", sublinha.

Situação assusta

Novos números da Covid-19 preocupam Moçambique

Para o coordenador do Instituto para Democracia Multipartidária, Dércio Alfazema, esta situação "preocupa, assusta, mas, ao mesmo tempo, permite que haja maior rastreamento e controlo dos casos positivos, de modo a que estas pessoas não venham a estar numa situação de infetar outros cidadãos".

Por seu turno, o diretor do Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique, Edson Cortês, considera que o Governo está numa situação de indecisão, porque apesar dos níveis elevados de contágio, tecnicamente, é impossível decretar um "lockdown" - o recolher obrigatório.

Segundo o investigador, seria algo que "implicaria, acima de tudo, retirar de grande parte da população a base do seu sustento, quando o Estado moçambicano também não consegue prover as condições necessárias para que as pessoas em casa tenham o mínimo para sobreviver".

Mais testes

Coronavirus - Corona-Tests
Testes da Covid-19 realizados em laboratório. Foto de arquivo.Foto: picture-alliance/dpa/J. Büttner

O atual cenário impõe a tomada de algumas medidas, afirmou Dércio Alfazema. Por exemplo, "a massificação da testagem, de modo que todos aqueles que são positivos sejam identificados e orientados sobre as medidas a observar. Mas também é preciso que o Estado encontre mecanismos para dar assistência às pessoas menos favorecidas e prover sustento, observando uma situação de quarentena".

Já Edson Cortês propõe como alternativa, neste momento, que "o Governo instale hospitais-abrigo para permitir que as pessoas, a partir do momento que fossem declaradas positivas, fossem instaladas [nesses locais], pois é uma situação rápida de fazer, uma alternativa 'low cost' e que também permite um monitoramento direto dessas pessoas. E evitaria, de certa forma, os níveis de contágio intrafamiliar", explicou. 

No sábado passado (06.06), as autoridades sanitárias declararam Nampula, no norte do país, como o primeiro foco de transmissão comunitária da Covid-19 em Moçambique.

Medida extrema

Mosambik Nampula | Dicht gedrängte Menschen in einem Markt
Civis em mercado moçambicano durante pandemia da covid-19. Foto de Arquivo.Foto: DW/S. Lutxeque

Dércio Alfazema defende que face à evolução da doença em Nampula podia pensar-se na possibilidade de uma medida mais extrema. "Seria um 'lockdown' localizado para a província de Nampula", diz.

Mas o diretor do CIP é de opinião contrária. Edson Cortês argumenta que nada garante que outras províncias não estejam na mesma situação ou pior.

O Ministro da Saúde, Armindo Tiago, descartou, para já, a possibilidade de imposição de uma cerca sanitária em Nampula, afirmando não estarem reunidas condições objetivas e científicas para a adoção da medida. Além disso, teria consequências socioeconómicas indesejáveis para a população daquela que é a província mais populosa do país.