Nyusi despede-se e Chapo já é Presidente de Moçambique
15 de janeiro de 2025No seu último discurso como Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi pediu união à volta do programa de governação de Daniel Chapo. "Será ele que irá costurar as feridas, suturar os ressentimentos e ajudar a encontrar tudo o que nos une na nossa caminhada coletiva", declarou.
"Aquilo que nos une é certamente maior e mais urgente do que aquilo que nos pode dividir. Daniel Chapo é a pessoa certa para proceder a esse reencontro de ideias que, sendo diversas, servem o mesmo propósito, que é unir e fortalecer a nossa nação", acrescentou Nyusi na Praça da Independência, no centro de Maputo, onde decorre a cerimónia de investidura de Daniel Chapo como quinto Presidente de Moçambique.
"O povo moçambicano conferiu legitimidade não apenas a um novo dirigente, mas a um projeto de esperança dos moçambicanos. Será este moçambicano que nos irá abraçar a todos sem qualquer distinção, será este dirigente que saberá congregar todos os esforços na construção de um país melhor", declarou o Presidente cessante.
Filipe Nyusi voltou a fazer um balanço dos seus 10 anos de governação, que ficaram marcados por desafios relativos ao combate ao terrorismo e pela destruição de infraestruturas com a passagem de vários ciclones pelo país.
"Vamos trabalhar"
Daniel Francisco Chapo, de 48 anos, foi oficialmente declarado como quinto Presidente da República de Moçambique, na Praça da Independência, em Maputo, quando passavam poucos minutos das 11 horas da manhã em Maputo, numa cerimónia onde estiveram presentes cerca de 2.500 convidados e a presença de apenas dois chefes de Estado.
Chapo, que é o primeiro chefe de Estado moçambicano nascido já depois da independência do país, prometeu ser "não um Presidente distante, mas um filho da nação" e garantiu: "Unidos somos capazes de superar obstáculos e transformar as dificuldades em prosperidade".
O novo Presidente também prometeu lançar uma ampla reforma do Estado para reduzir o número de ministérios, criar novas entidades, fomentar a digitalização dos serviços públicos e combater a corrupção.
"A corrupção é uma doença que tem corroído o nosso povo, com funcionários públicos fantasmas, cartéis que enriquecem à custa do povo, e isto tem de acabar; não haverá lugar para quem coloca os seus interesses acima dos interesses do povo moçambicano, seja no setor público, seja no privado", disse.
O ato de investidura, salientou, "marca o início de uma nova fase de consolidação da construção da nação soberana e próspera". Durou 48 minutos o seu primeiro discurso como Presidente, que terminou com o apelo: "Moçambicanos, vamos trabalhar."
Enquanto isso, a polícia recorreu a disparos e gás lacrimogéneo para desmobilizar um grupo de manifestantes, com cartazes de apoio ao candidato presidencial Venâncio Mondlane e que contestava, a cerca de 300 metros do local da investidura, a posse de Daniel Chapo.