Nyusi destaca pacificação como marco do segundo mandato
15 de janeiro de 2023O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, destacou este domingo (15.01) os "esforços" para a pacificação como um dos principais marcos do seu Executivo, quando se assinala o terceiro ano do seu segundo mandato.
"Quando o nosso Governo começou, em 2015, havia ainda registo de ataques [no centro de Moçambique]. Tínhamos uma guerra e ninguém estava em paz", declarou o chefe de Estado moçambicano, durante uma conferência de imprensa convocada para assinalar o terceiro ano do seu segundo mandato em Maputo.
Segundo Filipe Nyusi, no seu ciclo de governação, a paz foi sempre uma prioridade, principalmente no que diz respeito ao conflito armado com a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), maior partido de oposição que mantém um braço armado, agora em desmilitarização.
"Tivemos de trabalhar e chegamos à fase em que estamos: em que os nossos irmãos da RENAMO já não vivem nas montanhas", acrescentou o chefe de Estado moçambicano.
Atrasos no DDR
Embora Filipe Nyusi aponte como um marco os resultados das negociações com a RENAMO, o encerramento da base central do braço armado do partido na serra da Gorongosa foi, em dezembro, adiado devido a atrasos nas pensões que deviam ser pagas aos guerrilheiros desmobilizados.
O processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) faz parte do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado a 6 de agosto de 2019, entre o chefe de Estado moçambicano e o líder da RENAMO, Ossufo Momade.
O entendimento, que prevê abranger 5.221 elementos da guerrilha da RENAMO, foi o terceiro entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a principal força da oposição, todos assinados na sequência de ciclos de violência armada entre as duas partes.
Terrorismo: "Um elemento novo"
Segundo Filipe Nyusi, o terceiro ano do seu segundo mandato foi também marcado pelo terrorismo em Cabo Delgado, um desafio "novo" para Moçambique.
"Foi um elemento novo, o nosso país nunca viveu o terrorismo. Estamos a conter e a gerir para garantir que o país continue estável", declarou, lembrando que o terrorismo é um "fenómeno universal".
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.