1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Nyusi garante encerrar última base da RENAMO ainda este ano

Delfim Anacleto
17 de fevereiro de 2023

Moçambique está a trabalhar para fechar a última base da RENAMO ainda em 2023. A garantia é do Presidente Filipe Nyusi, que discursou em Adis Abeba e disse querer a "sustentabilidade" das pensões dos ex-guerrilheiros.

https://p.dw.com/p/4Nf9G
Foto: Reuters/G. Lee Neuenburg

O processo de desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR) em curso há cerca de três anos em Moçambique já abrangeu 4.800 ex-guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

Já foram encerradas várias bases do partido pelo país, faltando a desativação de um dos principais redutos localizados na serra da Gorongosa, na província central de Sofala. 

Mas o estadista moçambicano, Filipe Nyusi, assegura a conclusão do processo ainda este ano. 

"Estamos a trabalhar para que ainda no presente ano fechemos a última base da RENAMO. Incidimos a nossa ação no processo de Reintegração e Reconciliação Nacional, incluindo a institucionalização de pensões", declarou o chefe de Estado esta sexta-feira (17.02), durante a sua participação num evento em Adis Abeba, na Etiópia.

Os desafios para Moçambique no Conselho de Segurança da ONU

"Sustentabilidade" das pensões

Para garantir o sustento dos guerrilheiros que voltam a se integrar na sociedade no âmbito do DDR, processo apoiado pelas Nações Unidas, o Governo moçambicano instituiu pensões. Num período de cinco anos, diz Filipe Nyusi, a fatura das referidas pensões deverá ser suportada por parceiros envolvidos na implementação do processo.

O Presidente não mencionou as reclamações de muitos reintegrados, que dizem não estar a receber o pagamento.

No entanto, Nyusi disse que encontrar formas de sustentabilidade das pensões é agora o principal desafio do executivo de Moçambique: "A fatura é gerível nos cinco anos, enquanto criamos uma base definitiva para a sustentabilidade desses homens no terreno, por isso em algum momento voltaremos a trocar impressões com diferentes parceiros nesse sentido para apoiarmos esse processo, que só assim acreditamos que podemos concluir esse processo de forma sustentável".

Moçambique: Desmobilizados da RENAMO vivem com medo

Silenciar das armas em África

Filipe Nyusi foi o principal orador de um painel organizado pelo instituto britânico Chatham House, subordinado ao tema "Silenciando as Armas na África até 2030: Lições de Moçambique".

O Presidente da União das Comores, Azali Assoumani, que participou no evento, defendeu a adoção de políticas públicas de combate ao desemprego, à precariedade das condições de vida, como entre vários caminhos para o silenciamento das armas no continente africano. 

Azali Assoumani considerou a paz e a segurança elementos primordiais para os objetivos de crescimento a que o continente africano se propõe nos próximos tempos. 

"Sem paz e segurança, a ambição legítima de uma África unida e próspera e dos nossos compromissos, conforme dignado na Agenda 2063, vão ser apenas um horizonte cada vez mais distante, que nunca chegaremos a esse objetivo", afirmou Assoumani.

Mosambik Maputo | Filipe Nyusi und Ossufo Momade unterschreiben Friedensabkommen
"Abraço da paz": O Presidente Filipe Nyusi (esq.) e o líder da RENAMO, Ossufo Momade (dir.), durante a assinatura do Acordo de Paz em 2019Foto: Getty Images/AFP/Stringer

Lição de Moçambique

Partilhando a experiência do país, Filipe Nyusi apontou o diálogo como caminho trilhado por Moçambique para pôr fim à instabilidade militar entre o Governo e guerrilheiros da RENAMO.

"Uma componente que traduz plena confiança no processo de diálogo é o facto de que os nossos entendimentos, tanto os formais, como os não formais, incluindo o cessar-fogo, foram implementados antes da assinatura do Acordo de Paz de Maputo, a 6 de agosto de 2019", recordou o chefe de Estado moçambicano, que continuou: "Foi preciso eu pegar no telefone e ligar para o Afonso Dhlakama, que é da oposição, ele estando na Gorongosa, nas suas bases e chegamos à conclusão que vamos parar com ataques".

Num momento em que Moçambique assumiu um lugar de membro não permanecente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), Filipe Nyusi disse que usará da experiência de pacificação de Moçambique para apoiar outros Estados com desafios de segurança.

Saltar a secção Mais sobre este tema