Luanda: Acessibilidade difícil para pessoas com deficiência
2 de abril de 2023Em Luanda, as pessoas com deficiência estão agastadas com os muitos constrangimentos causados pela falta de equipamentos adaptados às suas necessidades. Isso, apesar do Governo estar a trabalhar para criar condições sociais e profissionais melhores, além de saúde e lazer.
De acordo com dados do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MISAFAMU) existem em Angola cerca de 660 mil pessoas com deficiência, das quais mais de 295 mil são mulheres.
Em entrevista à DW, o arquiteto Adélio Chiteculo referiu que a "Lei das Acessibilidades", aprovada em 2016, contempla a construção de infraestruturas integradas e inclusivas.
Ainda assim, apesar dos esforços, há queixas na capital sobre as dificuldades de mobilidade e acesso a outros serviços sociais necessários para a locomoção - e mesmo nas obras construídas após a provação da referida lei, em 2016.
"Responsabilidade do Estado"
"Era da responsabilidade do Estado fazer valer os mesmos [...] deveriam existir espaços para a sua passagem, mas esses não existem na nossa cidade", disse à DW o angolano Carlos Rosa.
A diretora geral da Liga de Apoio à Integração dos Deficientes (LARDEF), Idalina Bota, diz que a instituição que dirige tem recebido muitas reclamações de pessoas com deficiência sobre as dificuldades de acesso há vários serviços.
A responsável refere que a capital do país tem ainda muitos desafios no âmbito da inclucação social e denuncia desrespeito à legislação vigente referente aos direitos das pessoas com necessidades especiais.
"Várias vezes me deparei com situações do género. Há dias estive na Assembleia Nacional, onde houve um 'workshop' sobre as técnicas de informação promovidas pelas mulheres parlamentares, tive o mesmo problema", exemplificou.
"Horas de espera"
"As outras casas de banho estavam disponíveis, mas a casa de banho acessível estava encerrada. Tivemos que esperar horas", disse.
Por outro lado, o arquiteto e docente universitário Adélio Chiteculo enaltece o trabalho realizado com apoio de vários sectores que culminou com a aprovação da "Lei das Acessibilidades".
O também coordenador do curso de Arquitetura da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto defende a necessidade de se incluir nas administrações municipais e distritais pessoas que participem na elaboração e execução de projetos.
"Se observamos a questão de colocarmos os técnicos a todos os níveis - e se aprovarmos os projetos neste sentido - penso que daqui para frente poderá se garantir isso. Mas, na realidade, concordo que há ainda projetos que escaparam as administrações e não contemplam este tipo de elemento", concluiu.