O negócio da sucata e do ferro-velho em Nampula
O negócio da sucata e do ferro-velho envolve muitos cidadãos em Nampula, Moçambique. Uns acumulam estes materiais para revender e obter um rendimento extra. Outros fazem da reciclagem dos produtos o seu trabalho diário.
Ferro-velho ganha nova vida
Em Moçambique, as sucatas e o ferro-velho são reaproveitados e garantem o "ganha-pão" a muitos cidadãos. Através da reciclagem do ferro-velho e sucata de viaturas são fabricados vários bens, como fogões, panelas, portões e máquinas de moagem. Todos ficam a ganhar: os cidadãos, a indústria e o ambiente!
Acumular para depois vender
A sucata não é só um negócio de pequenas indústrias. Muitos cidadãos procuram e vão acumulando todo o tipo de carcaças metálicas (ferro, sucatas de carro e motorizadas, pneus) nos seus quintais. A venda de ferro-velho é um rendimento extra para muitos.
Empresário de ferro-velho
Cassiano Gregório abriu a sua serralharia em 1987 e conta com oito colaboradores. Gregório é especialista no fabrico de máquinas de moagem, fogões, enxadas, portas gradeadas e viaturas. Trabalha com ferro-velho e sucata desde a sua juventude e não pretende abandonar a área. "O nosso trabalho é diário. Quanto mais produzirmos, mais ganhamos. Distribuo os lucros pelos meus colaboradores", disse.
Compra, venda e revenda
Nas cidades da província de Nampula, em quase todos os bairros existem locais onde é possível comprar e vender ferro-velho, sucatas de carros, pneus, baterias avariadas entre outros produtos. Os preços são baixos: vende-se ao quilo ou à unidade. O preço por quilograma varia entre 2 e 50 meticais [0,03€ - 0,70€]. Alguns compradores revendem depois para grandes indústrias.
Sucata ajuda a contornar o desemprego
O desemprego jovem em Moçambique faz com que muitos percam o sonho de um emprego formal. André não "espera sentado" e, por agora, trabalha numa serralharia. O pouco que ganha já dá para as despesas familiares. "A minha família não passa mal, pelo menos consigo sustentá-la. Diariamente é normal ter entre 700 a 2000 mil meticais [10€-30€], dependendo do movimento", conta.
Trabalho infantil em sucatarias
Em Moçambique, o trabalho infantil é ainda uma realidade e não passa ao lado do negócio da sucata. Alguns miúdos vão para ganhar dinheiro para o sustento das suas famílias, outros, como nesta foto, procuram ter formação para se precaverem de uma situação de desemprego, no futuro.
Negócio gera negócio
Na serralharia de Cassiano Gregório, o maior "centro de transformação de sucatas de Nampula", localizada na zona da Faina, os trabalhadores podem beneficiar de um "serviço de entrega" de refeições. Há mulheres que confecionam e levam a comida até àquele local de trabalho, com receitas e preços para todos os gostos.
Sucatas facilitam vida a muita gente
Devido à fraca expansão da canalização do gás e aos custos elevados do mesmo, milhões de moçambicanos continuam a usar fogões a carvão vegetal. Uma realidade não só das zonas rurais, mas também das cidades. Os fogões feitos a partir de sucata são mais baratos, podendo custar entre 250 a 7.000 meticais [3,5€ - 100€]. Uma boa opção para bolsos menos cheios.
Máquinas de moagem de ferro-velho
Ferro-velho proveniente de carros pode ser reutilizado para fazer máquinas de moagem (usadas para moer cereais, legumes, etc.). A sucata é também uma mais-valia para esta indústria. Uma chapa nova, fabricada em França, Inglaterra ou Japão, de acordo com os serralheiros, custa acima de 2.000 meticais [30€]. Feitas de sucata, não passam de 500 meticais [cerca de 7€].
Venda de acessórios velhos
Com a proliferação de oficinas, também surgiu um novo fenómeno: mercados informais de múltiplos acessórios. São vendidos todo o tipo de produtos e equipamentos velhos, na sua maioria, materiais para serem reutilizados em viaturas motorizadas, bicicletas e outros meios de transporte.