1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

OMS: "Estado de emergência em Angola é medida adequada"

Lusa | kg
29 de março de 2020

O responsável da OMS em Angola avalia as restrições impostas pelo Governo como necessárias para combater a pandemia da Covid-19. Forças Armadas vão intensificar patrulhamento nas ruas.

https://p.dw.com/p/3aAjW
Placa sobre prevenção do novo coronavírus em Luanda
Foto: DW/P. Borralho

O responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Angola, Javier Aramburu, considera que o estado de emergência declarado pelo país "é uma medida adequada" e necessária para melhorar a preparação de Angola no combate à Covid-19.  

"Eu diria que, em geral, a performance de contenção foi bastante boa. Angola foi dos últimos países a apresentar casos da doença e o número de casos foi menor comparando com outros países de África", destacou o médico epidemiologista. 

O estado de emergência declarado por Angola teve início à meia-noite de sexta-feira e vai se prolongar até às 23h59 de 11 de abril. Angola regista cinco casos de infeção pelo novo coronavírus. 

No que diz respeito às medidas de contenção, o responsável da OMS assinalou que permitem "melhorar a preparação", mas lembrou que o problema continua a nível mundial. "É importante reconhecer que a transmissão está presente" pelo que os esforços devem ser "intensificados mais do que nunca", sublinhou. 

Questionado sobre o grau de preparação de Angola para enfrentar a pandemia, Javier Aramburu afirmou que "nenhum país está totalmente preparado e isso é um desafio para as autoridades". "Todos estamos envolvidos e estamos prontos para apoiar Angola", sublinhou.

A OMS tem apoiado o país em diferentes áreas, desde a validação de diagnósticos, à disponibilização de testes, mas também no que diz respeito a normas técnicas de referência e assistência técnica, no âmbito da qual Angola conta já com um especialista de prevenção e controlo de doenças. 

Proteção médica

Javier Aramburu indicou, por outro lado, que as estratégias da OMS visam essencialmente que o pessoal médico não esteja infetado, mas admite escassez de meios. "Apesar dos esforços em conseguir obter meios de biossegurança e equipamentos de proteção social para o pessoal médico, a nível global, há uma escassez. Não nos podemos esquecer que têm de ser trocados todos os dias, várias vezes, para que o pessoal fique protegido", lembrou, esperando que a breve prazo seja possível melhorar o abastecimento deste tipo de produtos com apoio das Nações Unidas. 

Seria também importante aumentar o número de testes, mas "em geral, os países não têm tido as condições ideais", adiantou, explicando que se trata de testes moleculares que precisam de equipamentos sofisticados e pessoal bem treinado para o seu manuseamento. 

"Os testes da OMS tiveram problemas, inclusivamente logísticos, a nível mundial, devido às restrições impostas às próprias companhias aéreas", adiantou, referindo que o governo angolano está a estudar outras opções de testes.

O representante do OMS notou ainda que o desenvolvimento tecnológico tem vindo a permitir o uso de "equipamentos mais portáteis" o que será um contributo decisivo para descentralizar e aumentar o número de testes. "O ponto chave é descentralizar para que não seja só em Luanda e se façam também noutros pontos do país", concluiu, acrescentando que este é um "aspeto que pode ser melhorado". 

Forças armadas nas ruas

As Forças Armadas Angolanas determinaram este domingo (29.03) que militares e polícias intensifiquem os patrulhamentos nos centros urbanos e suburbanos, "com vista à recolha do pessoal e viaturas militares e civis" que transgridam o estado de emergência.  

Em despacho, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, general António Egídio Santos, determinou "prontidão combativa elevada" a todas as unidades, estabelecimentos e órgãos das Forças Armadas enquanto durar o estado de emergência no país. De acordo com o documento, até 12 de abril, devem ser reforçadas as medidas de restrição da circulação do pessoal das Forças Armadas e de controlo epidemiológico à Covid-19. 

A decisão visa que as Forças Armadas prestem o necessário auxílio às instituições civis do Estado para a contenção da pandemia.

O estado de emergência contempla medidas como "confinamento compulsivo da pessoa visada em domicílio próprio ou em estabelecimento de saúde indicado pelas autoridades públicas" e interdição das deslocações e da permanência na via pública que não sejam justificadas, à exceção do exercício de atividades profissionais, assistência médica e medicamentosa e abastecimento de bens.