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Angola recebe cinco milhões da ONU para combate à seca

Lusa
15 de janeiro de 2022

O montante tem como destino as populações das províncias angolanas do Namibe, Huíla e Cunene, nas quais, estima a ONU, a seca extrema estará a afetar gravemente cerca de 1,32 milhões de pessoas.

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Dürre im Süden Angola
Foto: Adilson Abel/DW

As Nações Unidas anunciaram, esta sexta-feira (14.01), que Angola vai receber 5,2 milhões de euros para enfrentar os efeitos da seca extrema, que já provocou milhares de vítimas, nas províncias de Namibe, Huíla e Cunene.

A região sul da Angola "enfrenta seca extrema com milhares de vítimas" e, segundo o subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, a verba "visa impulsionar a resposta a crises subfinanciadas", segundo uma nota da organização.

Um relatório do Governo angolano, de 16 de dezembro, sobre a situação da insegurança alimentar e nutricional aguda naquelas três províncias do sul do país salienta que 1,32 milhões de pessoas estão bastante afetadas, e até março de 2022 pode chegar aos 1,58 milhões.

Os dados constam do relatório, a que a Lusa teve acesso, realizado pelo Departamento Nacional de Segurança Alimentar, da Direção Nacional de Agricultura e Pecuária (DNAP), do Ministério da Agricultura e Pescas nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe, entre março e maio de 2021, com inquérito em 17 municípios.

"Insegurança alimentar aguda alta"

O documento, datado de agosto, apresenta os resultados da análise da Classificação das Fases de Insegurança Alimentar (IPC) e de desnutrição aguda causadas pela seca e outros fatores externos.

Dürre im Süden Angola
Dados do governo angolano mostram que seca extrema poderá afetar, até março, 1,58 milhões de pessoasFoto: Adilson Abel/DW

"Os resultados permitiram concluir que 1,32 milhões de pessoas enfrentam uma situação de insegurança alimentar aguda alta", refere o relatório, indicando que este número corresponde a 49% da população "que carece de uma intervenção urgente".

O documento realça que a seca observada nos últimos dois anos agrícolas, o contexto de crise económica desde 2014, o aumento do custo de vida e a crise pandémica da covid-19, desde março de 2020, resultaram no atual contexto de insegurança alimentar aguda nas três províncias.

De acordo com o relatório, a escassez de colheitas afetou gravemente o acesso das pessoas aos alimentos na região sul de Angola, com forte vocação agropecuária, agravando o estado nutricional da população.

"Com a tendência de redução acelerada das reservas alimentares, a situação tende a evoluir para o nível de crise alimentar, como revelam os dados apresentados no quadro", alerta o documento, que acrescenta: "A assistência humanitária, até à próxima colheita, é uma ação necessária para evitar o agravamento da insegurança alimentar aguda das comunidades".

No que se refere à desnutrição aguda, a metodologia de análise IPC indica que em 10 municípios elegíveis das três províncias 11.400 crianças, entre os 6 e 59 meses sofrem ou poderão vir a sofrer deste mal nos próximos 12 meses e necessitarem de tratamento.

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