Reforma do Conselho de Segurança será uma "discussão séria"
22 de janeiro de 2023"Eu diria que, pela primeira vez, vai ser possível discutir a sério essa reforma, porque até agora a discussão era uma brincadeira, para falar com total sinceridade", defende Guterres.
No secretário-geral da ONU, justifica que não havia documento de base para a discussão e "não havia relatório da discussão".
"Ou seja, todos os anos a comissão era empossada, a comissão trabalhava durante um ano, não havia nada de 'input' para essa comissão e não havia nada de 'output' que essa comissão pudesse dar", analisou António Guterres.
O líder da Nações Unidas respondia a uma pergunta durante o evento público "Prime Minister Speaker Series", com o primeiro-ministro cabo-verdieano, Ulisses Correia e Silva, no Mindelo, ilha de São Vicente, onde está de visita.
"Se me tivesse feito essa pergunta há um ano, eu dizia claramente não. Quando a faz agora, aconteceu algo de estranho na última Assembleia Geral das Nações Unidas", começou por apontar ao responder à pergunta sobre a possibilidade da reforma do Conselho de Segurança avançar durante o seu mandato.
EUA e Rússia
Recordou que nessa Assembleia Geral, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mostrou-se "aberto à presença de membros permanentes do Conselho africanos" e da América Latina, e que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, "disse que veria com bons olhos a entrada do Brasil e da Índia para o Conselho de Segurança".
"Os Estados Unidos e a Rússia ou a Federação Russa são claramente duas peças fundamentais para que alguma reforma seja possível (...), projetou Guterres para quem "agora, creio que há condições para que a comissão que trata da reforma do Conselho de Segurança possa efetivamente começar uma discussão séria".
Dificuldades
Por outro lado, Guterres reconhece que ser ainda cedo para prever algum resultado desta discussão, devido as dificuldades do processo. "As dificuldades, disse, são provocadas pelos cinco países membros permanentes do Conselho de Segurança, com direito de veto (China, Estados Unidos, Rússia, França e Reino Unido) e "pelas relações, entre outros Estados, na escolha de quem representa outras regiões", apontou Guterres.
"E sabemos que esse problema também existe. Portanto, não quero dar uma falsa esperança. Mas pela primeira vez, vai poder haver uma discussão séria", reconheceu.
António Guterres iniciou este sábado (21.01), uma visita de três dias a Cabo Verde, no âmbito da Ocean Race, a maior regata do mundo que de 20 a 25 de janeiro faz escala na ilha cabo-verdiana de São Vicente, participando na segunda-feira, também no Mindelo, na Ocean Summit.