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Operação "Sangaris" na RCA completou um ano

Philipp Sandner / António Cascais5 de dezembro de 2014

Um ano depois do ódio que colocou a "ferro e fogo" a capital da República Centro-Africana e fez centenas de mortos, iniciativas estão em curso para ajudar as comunidades muçulmana e cristã a viverem juntos pacíficamente.

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Foto: Getty Images/AFP/Pacome Pabandji

Foi há precisamente um ano (05.12.2013) que começou a operação Sangaris, a intervenção das forças francesas na República Centro-Africana (RCA), uma intervenção militar com a qual, em parte, se conseguiu conter a violência. Mas os problemas de fundo não foram totalmente resolvidos. E é por isso que a RCA continua a lutar por uma paz duradoira. Mas o país encontra-se ainda longe da tão desejada paz.

Em 2015 vão-se realizar eleições e espera-se que desse escrutínio saia um governo capaz de vencer os desafios e as barreiras que se afiguram difíceis de ultrapassar.

Rebeldes da "Séleka" responsáveis pela situação de caos e terror
O bairro muçulmano de Bangui que dá pelo nome de PK5, mas que é mais conhecido como o "santuário dos jihadistas" ou "prisão a céu aberto" está situado nos arredores da capital centro-africana, maioritárimente cristã e onde no passado nunca houve grandes conflitos com os muçulmanos, até que a aliança rebelde, denominada "Séléka", avançou sobre Bangui, espalhando o terror e dividindo a população. Foi então que milícias cristãs retaliaram com violência, atacando os cidadãos muçulmanos no bairro de PK5 e outros.

Zentralafrikanische Republik Seleka Rebellen
Membros da "Séléka" (coligação rebelde de maioria muçulmana) em BanguiFoto: ISSOUF SANOGO/AFP/Getty Images

"Viver juntos, uma oportunidade para o nosso desenvolvimento"

Um cartaz colocado na parede de uma escola reza o seguinte: "Viver em conjunto, uma oportunidade para o nosso desenvolvimento". E, de facto, realizam-se regularmente no bairro jogos de futebol entre equipas muçulmanas e cristãs.

Abdoulaye Yaya, um dos participantes muçulmanos no torneio diz que “participa nessses jogos de futebol porque todos estão sedentes de paz. Queremos a paz, não queremos conflitos. Mesmo que tenham armas, mesmo que tenham mísseis, não os utilizem! Éesse o meu apelo!"

Missões militares internacionais bem-vindas
Um outro cartaz agradece: "Obrigado Sangaris, EUFOR e MINUSCA", referindo-se às diferentes intervenções militares de tropas internacionais na República Centro -Africana.

A intervenção francesa Sangaris começou no dia 5 de dezembro de 2013, há precisamente um ano e o analista David Smith, da organização de Consultoria Okapi, (rádio da ONU na República Democrática do Congo) diz que as tropas francesas conseguiram separar as partes beligerantes, mas não conseguiram implementar a paz.

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"Desde o início da operação Sangaris, pouco foi conseguido no terreno. A operação restringe-se práticamente à capital, Bangui. No resto do país a situação continua fora de controlo e até há antigos membros das tropas governamentais centro-africanas que aderiram aos rebeldes e combatem agora as tropas oficiais", diz David Smith.

Este analista, fala também de casos pontuais, em que as tropas francesas se conseguiram impôr, sobretudo no oeste do país:

"Sem o lançamento da Sangaris , a população muçulmana provavelmente teria sido erradicada daquela região."

Eleições deverão ter lugar na segunda metade de 2015
Em 2015 a presidente de transição, Catherine Samba-Panza, deverá entregar o poder a uma nova chefia eleita democraticamente. As eleições estão previstas para fevereiro, mas observadores dizem, no entanto, que a data do escrutínio deverá ser adiada, por motivos logísticos, para a segunda metade do ano. Ao mesmo tempo, os observadores são unânimes em salientar que é urgente que se eleja um novo governo, com legitimação popular e força suficiente para fazer avançar a almejada reconciliação nacional.

Catherine Samba-Panza
Catherine Samba-Panza Presidente de Transição na RCAFoto: Reuters