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Opinião: A Alemanha quer mais discussão política

Ines Pohl
24 de setembro de 2017

As eleições são um sinal de mudança para a Alemanha. Populistas de extrema-direita entram pela primeira vez no Parlamento e a chanceler Angela Merkel está enfraquecida, escreve Ines Pohl.

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Ines Pohl
Ines Pohl é redatora-chefe da DWFoto: DW/P. Böll

Há uma mensagem clara nestas eleições alemãs: não se pode continuar assim.

O pleito tem dois perdedores bem claros – o Partido Social-Democrata (SPD) e a chanceler Angela Merkel:
- O SPD obteve seu pior resultado do pós-guerra, cerca de 21%.
- A União Democrata-Cristã (CDU), o partido da chanceler, perdeu cerca de oito pontos percentuais em relação a 2013 e ficou com aproximadamente 33%.

Um desastre que, em tempos normais, seria motivo para pensar em renúncias. Mas os tempos não são normais na Alemanha.

Isto também ilustra o facto que – pela primeira vez desde a fundação da República Federal Alemã – com a AfD (Alternativa para a Alemanha), que obteve 13% dos votos, ter entrado um partido populista de direita no Bundestag, no Parlamento alemão.

O país mudou

Um marco histórico. Após a eleição deste domingo (24.09), o país não será o mesmo. Isso não é algo sem importância. Mas também não é – por enquanto – uma catástrofe.

É um desafio. No final, trata-se de democracia. Em comparação com outras regiões do mundo há boa razões para acreditar que a Alemanha possa vencer este desafio. E pode ser uma vantagem que no Parlamento haja uma discussão sobre o melhor argumento. Que Merkel já não possa governar e decidir tudo quase sozinha, como na legislatura passada quando faltava uma oposição real.

Isto também é uma mensagem desta noite.

Um ponto fulcral será que os partidos democráticos não se deixem desviar do discurso democrático pela retórica demagógica da AfD. Devem resistir às pseudo-soluções populistas e devem procurar respostas verdadeiras para os problemas reais. E devem aceitar que muitas pessoas têm medo que a presença dos muitos refugiados possa mudar a Alemanha, o seu país.

A Alemanha tem que refletir sobre a sua capacidade de discurso político. Fazer do medo das pessoas um tabu fortalece os extremos políticos.

Isto também é uma mensagem desta noite.

O SPD escolhe a oposição

O primeiro grande desafio será formar o novo Governo. É razoável que o SPD já tenha declarado que vai à oposição e que não continuará a grande coligação com o CDU. Apenas assim, a Social Democracia da Alemanha será capaz ganhar novas forças e desenvolver uma perspetiva para o futuro. E apenas assim, a AfD não será a maior força de oposição no Parlamento.

Angela Merkel entra muito enfraquecida nestas negociações para a formação de uma coligação para um novo Governo. Ela tem nos ombros o peso que muitos membros do próprio partido culpam-na e a sua política pela derrota eleitoral.

Por outro lado todo o mundo espera que ela, apesar do resultado desastroso, siga como uma das cabeças mais influentes do ocidente e que – com ela – a Alemanha continue como um parceiro estável e previsível na política internacional. E que a Alemanha continue como um país aberto e profundamente democrático.

É também a Constituição alemã que salienta este ponto. Ela vale para todos, também para a AfD. Artigo 1: "A dignidade da pessoa humana é intangível."

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