Oposição angolana demarca-se de manifestação de sábado
24 de novembro de 2016A manifestação pretende protestar contra a falta de decisão do Tribunal Supremo sobre a providência cautelar interposta por vários advogados angolanos, pedindo a suspensão da nomeação de Isabel dos Santos, pelo seu pai e Presidente da República, José Eduardo dos Santos, por alegada violação da Lei da Probidade Pública.
Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Alcides Sakala, disse que manifestação é um direito dos cidadãos consagrado na Constituição, por isso aquela força política encoraja e apoio os seus organizadores.
"Nós analisamos esta questão e a nossa posição é de encorajamento, porque é um direito que cabe aos angolanos, consagrado constitucionalmente. A UNITA não só apoia como também encoraja a sua organização, mas não vamos participar", disse Alcides Sakala.
Ponderar a participação
O vice-presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Manuel Fernandes, disse que foi refletida a questão por aquela força política, sublinhando que é legítimo os seus promotores poderem realizá-la".
"Só temos um senão da nossa participação, na medida em que não fomos tidos no momento da conceção e também por outro lado o processo em causa foi despoletado por um grupo de advogados, que entende que está a haver oportunismo de uma das partes promotora dessa manifestação, porquanto são eles que tomaram a iniciativa e entendem que não tinha que ser um outro órgão a promover a manifestação", explicou Manuel Fernandes.
"Havendo essa dicotomia, do ponto de vista de consenso, entendemos ponderar a participação como instituição, como organização, mas é claro que os dirigentes e militantes que acharem que devem participar por si vão fazê-lo, só para ver que um dos vice-presidente é um dos promotores da marcha, mas nós não entendemos fazer parte como instituição CASA-CE", disse.
Manuel Fernandes avançou que, por outro lado, como força política, ao participar numa manifestação teria de fazer parte da organização da mesma.
"Vai ser bom acompanhar-mos e demos força aos organizadores, é legítimo, defendemos que ela se realize, mas a nossa participação como instituição não vai ser efetivada", frisou.
Violação da Lei da Probidade PúblicaIsabel dos Santos foi nomeada em junho, no âmbito da reestruturação da maior empresa de Angola e em causa está o facto de a empresária ter sido nomeada presidente do conselho da administração da Sonangol, pelo pai e chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, levando os contestatários da nomeação a alegar uma violação da Lei da Probidade Pública.
Os promotores da manifestação admitem ainda que a empresária angolana pode estar impedida de exercer aquelas funções, pelas posições que detém noutras empresas.
Em comunicado emitido no sábado, os promotores da manifestação, entre os quais o antigo primeiro-ministro angolano Marcolino Moco e o 'rapper' e ativista Luaty Beirão, informaram que pediram a Isabel dos Santos uma lista com as empresas de que é sócia e "que, direta ou indiretamente, partilham negócios com o grupo Sonangol e suas associadas".
O responsável pela comunicação institucional do Governo angolano disse, a 16 de novembro, que esta manifestação é uma "pressão" sobre a justiça.
Manuel Rabelais, diretor do Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação e Marketing da Administração (GRECIMA), afirmou, numa declaração lida na sede daquele órgão, que se deveria "aguardar serenamente pelo pronunciamento do Tribunal Supremo" sobre o caso.