Oposição angolana frustrada
2 de setembro de 2012Se a contagem dos votos das eleições gerais angolanas continuar ao ritmo atual o presidente angolano, José Eduardo dos Santos, deverá ser reconduzido no cargo que ocupa há 33 anos.
Com 72,56 por cento dos votos contados até às 14 horas de domingo (02.09), o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) tem a vitória assegurada com 74,14 por cento.
Ainda de acordo com os resultados provisórios anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição, segue em segundo lugar, com 17,8 por cento.
Em terceira posição está a Convergência Ampla de Salvação de Angola, a coligação eleitoral mais conhecida como CASA-CE, com 4,67 por cento dos votos. Porém, a nova coligação de Abel Chivukuvuku, que se separou da UNITA, já anunciou que se reserva o direito de não reconhecer os resultados das eleições gerais em Angola.
Falta de credibilidade
O líder da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, garantiu que não foi permitido à coligação ter delegados de lista em todas as assembleias eleitorais do país; e que, ao longo do dia das eleições, na sexta feira (31.08), a sua coligação só recebeu algumas credenciais para que pudessem ter fiscais e delegados em mesas de voto.
A mesma queixa apresentou o líder da UNITA, Isaías Samakuva, à imprensa internacional: "A Comissão Nacional Eleitoral não nos permitiu ter delegados em todas as assembleias de voto. Por isso eu não sei que resultados vêm dessas assembleias onde não tivemos delegados. A Comissão Nacional Eleitoral fez eleições sem cadernos eleitorais em várias assembleias de voto."
Samakuva não confia nos resultados oficiais: "Muitas coisas aconteceram, há muitas irregularidades, muitas violações da lei eleitoral. Por isso não confio na Comissão Nacional Eleitoral."
CNE admite alguns erros
A UNITA mantém a anunciada intenção de impugnar os resultados. E a CASA-CE criou uma equipe para fazer o processamento, "município por município", de todas as atas de comissões eleitorais e "conferir, confirmar ou contestar, se houver discrepâncias" entre os valores anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral e o que consta nos documentos.
Entretanto, a Comissão Nacional Eleitoral já admitiu ter havido alguns constrangimentos, mas sem interferência nos resultados. Opinião idêntica tem o deputado sul-africano Patekile Holomisa, observador nestas eleições.
"Todos aqueles que quiseram participar, participaram. Em todas as assembleias de voto que visitei, os delegados eleitorais estavam lá, o que é crucial", defendeu Holomisa.
O governo corrobora os observadores internacionais, como afirmou à comunicação social o ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa: "De uma maneira geral, penso que as eleições foram bem organizadas. Há algumas queixas da oposição, mas a maior parte delas foram resolvidas."
Os resultados nacionais definitivos serão divulgados, no máximo, 15 dias depois das eleições, ou seja, no limite, a 15 de Setembro.
Autora: Glória Sousa
Edição: Bettina Riffel/Cristina Krippahl