UE debate contingente militar a ser enviado a Cabo Delgado
2 de setembro de 2021Os estados europeus reuniram-se nesta quarta-feira (01.09) para começar a definir os apoios e os contingentes que cada estado membro vai colocar à disposição de Moçambique para o treinamento de militares locais.
A primeira conferência da Missão de Treino das Forças Armadas (MTFA) moçambicanas ocorreu esta quarta-feira (01.09) para definir o efetivo que cada estado membro enviara a Moçambique. , liderada por Portugal e foi avaliada como "bem-sucedida” por uma fonte do Ministério da Defesa português. A MTFA foi criada em junho desde ano pelo Conselho de Negócios Estrangeiros da União Europeia.
Esta missão de médio e longo prazo oferece vantagens a Moçambique, essencialmente contribuindo para o reforço da segurança na região norte do país, avalia Luís Bernardino, investigador do Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa (IUL).
"O reafirmar do compromisso da UE na ajuda a Moçambique é sombra de dúvidas importante para que o país rapidamente recupere a sua condição de segurança”, explica Bernardino. O investigador considera ainda que "a capacidade operacional das Forças Armadas e de Defesa de Moçambique sairá reforçada com esta participação da União Europeia”.
O analista de assuntos militares julga notório o "engajamento da comunidade internacional na questão de Moçambique”, nomeadamente da União Europeia, que "assume no terreno esta missão contribuindo para resolução do problema de segurança”.
Apoio em duas fases
O ministro português da Defesa, João Gomes Cravinho, informou que, nos próximos dias, o brigadeiro general Nuno Lemos Pires, chefe da missão da União Europeia, deverá deslocar-se à Moçambique. A finalidade da viagem é acompanhar no terreno a formação do exército moçambicano, que está a ser treinado nas áreas da proteção civil e do restabelecimento da segurança na província. Em Cabo Delgado, a crescente onda de insurgência jiadista tem aterrorizado a vida das populações desde 2017.
Gomes Cravinho disse à DW em Lisboa que Moçambique precisa de dois níveis de apoio. O primeiro é o reforço imediato no terreno para o combate aos insurgentes. "Isso está a acontecer particularmente com o apoio do Ruanda, também da SADC”, relembra. A ajuda a longo prazo seria dois anos de instrução das forças armadas locais para fazer atuar independentes frente a esse tipo de situação. "Essa tem sido a missão portuguesa que, desde maio, já está no terreno a fazer formação”, conta Cravinho.
Segundo o ministro português da Defesa, a partir de início de outubro a Missão de Formação da União Europeia trabalhará no mesmo sentido. Gomes Cravinho considera, por outro lado, que a crise no Afeganistão reforça a determinação em evitar que os ataques terroristas se alastrem em Moçambique.
Luta contra o terrorismo em vária frentes
O ministro português da Defesa garante que apesar do empenho de Portugal no esforço de acolhimento dos refugiados afegãos, prevalece o compromisso de Lisboa em relação ao apoio a Moçambique. "Ficou muito claro para todos que o combate ao terrorismo não termina aqui. Muito pelo contrário. Nós temos uma obrigação de evitar que o terrorismo possa estabelecer bases onde quer que seja”, pontua.
Cravinho falou à DW e à RTP-África após a chegada a Portugal do primeiro grupo de refugiados afegãos, cuja evacuação contou com a ajuda de Espanha, França e Alemanha, parceiros da coletividade da NATO.