PAIGC na Guiné-Bissau com data marcada para eleger novo líder partidário
27 de janeiro de 2014O PAIGC anda à deriva, desde a saída de Carlos Gomes Júnior, que sofreu um golpe militar em Abril de 2012, e teve que, consequentemente, refugiar-se no estrangeiro. Agora são cerca de 1200 congressistas que vão debruçar-se sobre a revisão dos estatutos do partido, estando em cima da mesa duas propostas que defendem modelos de organização assentes na liderança de um secretário-geral ou de um presidente, com prerrogativas distintas quer ao nível partidário, quer ao nível do Estado.
Estão na corrida para secretário-geral, Domingos Simões Pereira, Aristides Ocante da Silva, Cipriano Cassamá e Daniel Gomes. Para o figurino de Presidente estão na corrida, Braima Camará, Carlos Correia e Satu Camará.
Guerras de longa data no seio do partido
Segundo analistas, há muito tempo que nada vai bem no partido de Amílcar Cabral, que recorrentemente é assaltado por guerras internas e lutas pelo poder, quer a nível da liderança partidária, governamental, presidencial ou parlamentar. O último incidente, deu-se precisamente no Parlamento, onde o grupo parlamentar do PAIGC, tem atualmente dois líderes nas pessoas de Octávio Lopes, recém-eleito, por uma maioria de deputados, e de Rui Diã de Sousa, afastado por alegados maus procedimentos, mas que afirma manter-se em funções, porque só a direção do partido tem competência para o substituir.
"Continuo a ser líder do grupo parlamentar do PAIGC", afirmou Diã de Sousa. Lembra que "existem regras estatutárias dentro do próprio partido para a escolha dos líderes de grupos parlamentares. Eu limito-me a aguardar a reação do partido", reitera.
"Nunca a direção do partido pode eleger um novo líder"
Contudo, a direção do PAIGC já reagiu, rejeitando a eleição de Octávio Lopes como novo líder parlamentar. Um dos seus vice-presidentes, o Coronel Saturnino Costa, afirmou que compete ao Comité Central do partido, propor o nome do líder parlamentar. Por seu lado, Octávio Lopes, jovem jurista formado em Portugal, replicou dizendo que só os deputados têm prerrogativas para eleger o seu líder e nunca a direção do partido.
"Em democracia é a vontade maioritária que dirige, tomando em devida conta, todas as correntes ou eventuais correntes de opinião minoritárias existentes dentro do seio de um grupo parlamentar tão grande". Octávio Lopes nega que exista uma divisão dentro do partido e refere-se antes a um "pluralismo democrático".
Por sua vez, Óscar Barbosa, porta-voz do PAIGC, afirma que Rui Diã de Sousa foi afastado por alegados maus procedimentos.
A falta de resposta do líder da bancada parlamentar
" Dezenas de deputados decidiram pedir uma reunião de esclarecimento com o líder da bancada parlamentar do PAIGC, o Dr. Rui Diã de Sousa, numa carta assinada por mais de 40 deputados. Ele não correspondeu a esse pedido", diz Barbosa. Apesar da renúncia à convocatória, o porta-voz explica que os deputados discutiram o problema no seio da bancada parlamentar do PAIGC e no fim dessa discussão decidiram retirar-lhe a confiança política. "Os deputados que sentem que a bancada podia trabalhar mais e melhor, decidiram fazer contas e acusações ao líder da bancada".
O PAIGC, que é a força política mais votada no parlamento da Guiné-Bissau, vai realizar a partir de quinta-feira 30 de janeiro o seu oitavo congresso para escolha de uma nova liderança.