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Pandemia e terrorismo dominam Fórum para a Paz e Segurança

Philipp Sandner | Robert Adé | rl
8 de dezembro de 2021

Região do Sahel é palco de ataques frequentes e a Covid-19 está a frustrar os esforços financeiros de alguns países na luta contra o terrorismo. Os dois temas dominaram a cimeira que juntou líderes africanos no Senegal.

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Senegal Macky Sall mit Amtskollegen, Friedensforum in Dakar
Foto: Präsidentschaft der Republik Senegal

Vários líderes africanos marcaram presença no Fórum para a Paz e Segurança em África na capital senegalesa Dakar. O evento, que terminou esta terça-feira (07.12), teve lugar numa altura em que o terrorismo ameaça expandir-se para novos territórios no continente, principalmente na região do Sahel.

Para o evitar, defendeu o Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, é necessário um maior apoio por parte dos países parceiros do Ocidente e o fim do contrabando de armas na Líbia. "Em nenhuma parte do mundo os grupos rebeldes tiveram acesso às mesmas armas que as forças de segurança como está a acontecer no Sahel", frisou.

"Os grupos revolucionários dos anos 1960 eram conhecidos pela pobreza do seu armamento, agora os terroristas que operam no Sahel distinguem-se pela suas armas sofisticadas e pela quantidade de munições que têm, e que são adquiridas a muito baixo custo nas redes de contrabando líbias".

Para além das armas, estes grupos sabem também utilizar a internet a seu favor. Farank Kiye, especialista em tecnologias de comunicação, explica que é através de redes sociais como o Facebook ou o Whatsapp que os terroristas divulgam as suas mensagens. "Têm acesso a telefones e computadores via satélite que lhes permitem cometer vários tipos de ciberataques. Vemos que os seus vídeos de propaganda e todos os meios digitais que utilizam para a sua comunicação estão a causar um impacto negativo no continente", afirma.

Ligação entre pandemia e insegurança

Cabo Delgado: traumas de guerra, sonhos de paz

Numa altura em que as restrições impostas pelos países ocidentais à África Austral por causa da nova variante da Covid-19 ainda estão bem presentes,  o especialista do Instituto Sul-Africano de Estudos de Segurança Paul Simon Handy acredita que é possível estabelecer uma ligação entre o fracasso do combate ao terrorismo em África e a pandemia. Com o aparecimento da Covid-19, os "esforços financeiros para travar o terrorismo em alguns países africanos ficaram frustrados", considera.

No entanto, acrescenta Paul Handy, há algumas lições a tirar e "a pandemia pode servir como um alerta". Segundo o especialista, "para os países africanos foi um choque ver o quanto os países ocidentais pensam mais em si próprios em tempos de crise. Mas isto pode ser exatamente o que os países africanos necessitavam para perceber que têm de encontrar e confiar mais nas suas próprias soluções sem recorrer a atores externos".

O mesmo especialista lembra que isto já tem estado a ser feito e com sucesso: a parceria entre o Ruanda e as forças da SADC no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, Moçambique, é um bom exemplo destas alianças regionais, diz.

Senegal Macky Sall mit Cyril Ramaphosa, Friedensforum in Dakar
Cyril Ramaphosa e Macky SallFoto: Präsidentschaft der Republik Senegal

África quer estar no Conselho de Segurança

O Fórum para a Paz e Segurança em África serviu ainda para o continente exigir mais voz no espaço internacional. Os Presidentes senegalês, Macky Sall, e sul-africano, Cyril Ramaphosa, denunciaram esta terça-feira a representação "injusta" de África no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), lamentando que nenhum país africano seja membro permanente.

"Queremos que as vozes de 1,3 mil milhões [de africanos] sejam ouvidas da mesma forma que as dos outros. Queremos que África seja bem representada. Queremos que isto pare", insistiu o Presidente da África do Sul.

O Conselho de Segurança é composto por 15 membros, incluindo os cinco membros permanentes (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos da América) e 10 membros eleitos pela Assembleia Geral. Ao continente africano são destinados normalmente dois a três lugares não permanentes.