Sudão: Partes em conflito acordam cessar-fogo de 24 horas
18 de abril de 2023O cessar-fogo terá início às 18h locais desta terça-feira (18.04) e não se estenderá mais de 24 horas, segundo confirmou o líder do Exército sudanês, Abdel Fattah al Burhan, à emissora americana "CNN", bem como o membro do Conselho Militar sudanês, Shams al Din Kabbashi, à rede saudita "Al Arabiya".
Anteriormente, o líder das Forças de Apoio Rápido (FAR), Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, garantiu no Twitter que tinha concordado com um armistício de 24 horas.
Ambos os lados já tinham concordado com tréguas de algumas horas para permitir que os civis fossem evacuados ou pudessem ir às ruas para se abastecer, embora os combates não tenham cessado.
Até agora, o Exército sudanês não emitiu nenhuma declaração a confirmar esta trégua. A única mensagem divulgada hoje pelas unidades militares a esse respeito foi a acusar as FAR de aceitar esta trégua de um dia para "acobertar a derrota esmagadora que sofrerá em poucas horas".
Também no Twitter, 'Hemedti' disse ainda que as forças armadas continuavam os bombardeamentos e que esperava "novas conversações" com Blinken para ver "a melhor maneira de abordar estas violações".
Cartum palco de explosões e tiros
Logo após a entrada em vigor das tréguas de 24 horas propostas pelos Estados Unidos, a área do palácio presidencial e o comando geral do exército sudanês, em Cartum, foram palco de explosões e tiros, segundo testemunhas oculares. Os confrontos começaram apenas 11 minutos após a entrada em vigor da trégua, segundo as mesmas fontes.
Numa declaração, o grupo paramilitar sudanês Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) acusou o exército sudanês de violar a trégua com a qual ambas as partes tinham concordado.
O grupo liderado por Mohamed Hamdan Dagalo, "Hemedti", o homem forte do Sudão, garantiu que durante os primeiros minutos da trégua anunciada registrou "ataques esporádicos" contra as suas unidades em algumas áreas de Cartum.
Por isso, declararam que os "golpistas", em referência ao Exército, "não têm compromisso" com a comunidade internacional.
Pelo menos 270 mortos
Pelo menos 270 pessoas morreram e mais de 2.000 ficaram feridas nos confrontos entre o exército e os paramilitares no Sudão, disse hoje o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"Condenamos esta perda de vidas e transmitimos a nossa solidariedade aos nossos irmãos e irmãs sudaneses", afirmou o responsável da OMS, numa conferência de imprensa.
O responsável frisou que os hospitais da capital sudanesa "relataram escassez de pessoal e de material médico, bem como de combustível para a produção de energia", e observou que os bens que a OMS tinha fornecido à rede de saúde do Sudão antes da escalada do conflito se esgotaram entretanto.
Tedros instou as partes em conflito a procurarem um cessar-fogo humanitário, "silenciando as armas e colocando em cima da mesa uma resolução pacífica da questão".
Os combates, que começaram no sábado, 15 de abril, entre o exército sudanês e as forças paramilitares de apoio rápido (RSF), seguem-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança durante as negociações para formar um novo governo de transição.
A luta pelo poder colocou o general Abdel Fattah al-Burhan, comandante das forças armadas, contra o general Mohammed Hamdan Dagalo, 'Hemedti', chefe das Forças de Apoio Rápido, um grupo paramilitar, numa reviravolta face à organização conjunta de um golpe militar em outubro de 2021, que derrubou o então governo de transição que sucedeu a décadas de Omar Al-Bashir no poder.
Artigo atualizado às 18h32 UTC