Partido de Botche Candé é "surpresa" nas eleições guineenses
25 de maio de 2023Tal como várias formações políticas da Guiné-Bissau, o Partido dos Trabalhadores Guineenses é mais conhecido pela sua sigla - o PTG.
Fundado em 2021, o partido congrega vários antigos membros do Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15) e apoiantes do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.
O PTG é liderado por Botche Candé, atual ministro da Agricultura, que foi cinco vezes ministro do Interior da Guiné-Bissau, e assenta a sua campanha eleitoral para as legislativas de junho na unidade nacional.
"Vamos à campanha [eleitoral] na irmandade, vamos à campanha na amizade e sem insultos. É a orientação que damos a todos os militantes do PTG. Não respondam à provocação", frisou o líder do PTG Botché Candé.
Rival direto do MADEM-G15
Por ter no seu seio vários militantes oriundos do MADEM-G15, o PTG é visto como o mais direto rival do Movimento para Alternância Democrática e "assume" as regiões de Bafatá e Gabú, no leste do país, como o seu bastião político, onde poderá eleger deputados.
Para o jornalista Sabino Santos, "está claro que Botche Candé, desde que entrou na política, sempre se elegeu como deputado e tem atuado muito bem".
Santos recorda ainda "um comício muito concorrido na região de Bafatá", o que demonstra, na opinião do jornalista, "que a aposta do PTG coincide rigorosamente com o bastião do MADEM-G15, que tem sido as duas regiões leste [Bafatá e Gabú]".
Propósitos do PTG nas eleições
Comandado por Botche Candé, um dos veteranos da política guineense, o PTG, que se apresenta pela primeira vez a umas eleições da Guiné-Bissau, não esconde os seus propósitos.
"O PTG foi criado para construir as estradas, para que haja luz e escolas para a nossa juventude. Também foi criado para que haja saúde e para pôr fim à evacuação dos doentes da Guiné-Bissau para Portugal", afirmou Candé.
Diante do atual cenário político guineense, o jornalista Sabino Santos diz que o PTG não é para subestimar. "A julgar pelos primeiros dias da campanha eleitoral e pelas massas que o partido tem arrastado, conseguir dois, três ou quatro deputados não seria nenhuma surpresa", avalia.
A criação do Partido dos Trabalhadores esteve sempre associada ao Presidente da República, mas Umaro Sissoco Embaló tem negado essa ligação, frisando que ele é do Movimento para Alternância Democrática.
No entanto, em todos os comícios realizados, Botche Candé não se cansa de agradecer ao chefe de Estado guineense, lembrando que a formação do seu partido ocorreu durante o mandato de Embaló.