Partidos exigem financiamento a Luanda
9 de fevereiro de 2012
Foi inédito. Uma marcha de presidentes de partidos extra-parlamentares subiu ao palácio presidencial angolano, situado na “cidade alta” de Luanda. Eles foram exigir uma informação clara sobre o financiamento aos partidos políticos, o que é de lei, antes das eleições previstas para o período que vai de agosto a setembro.
Previa-se uma ação repressiva da Unidade da guarda presidencial, mas pelo contrário, esta foi cortês. Altos funcionários da Presidência da República já estavam até à espera dos líderes da oposição, que antes exigiram falar, mesmo sem agenda, com o presidente José Eduardo dos Santos.
Era objetivo franquear as portas do palácio, um lugar de difícil acesso, numa zona de Luanda junto ao mar, o que não aconteceu. Nimby Ya Simbi, de uma ala do partido Frente Nacional de Libertação de Angola, FNLA, e também deputado, terá dado o “ sinal ”. Para o deputado estão a acontecer desvios na lei aprovada, Nimby Ya Simbi ameaça: "Se isto continuar nós tomaremos uma posição. Temos de respeitar o que está estabelecido."
Os dez partidos presentes no palácio presidencial, já exigem dinheiro. Nas últimas eleições legislativas o Estado cedeu um milhão e 300 mil dólares para cada partido. Foram mais de dez os participantes.
A resposta não é imediata
As preocupações levantadas nesta quinta-feira (08.02) terão sido anotadas para uma resposta em breve do governo e da Presidência da República. De lembrar que, recententemente um grupo de vários partidos deixou de participar nas discussões sobre a gestão da administração eleitoral.
Estas formações concluiram que as eleições podem ser mal geridas com uma militante do MPLA que não é juíza e acima de tudo pertencente a um órgão diretivo do partido que governa Angola.
Raúl Danda, o presidente da bancada parlamentar da UNITA, o maior partido da oposição está convicto que esta posição é partilhada por uma maioria: "Não é só a UNITA, o PRS e o FNLA, é sobretudo o povo angolano. Até onde o povo vai suportar isso."
Recordamos que o grande primeiro contencioso eleitoral foi marcado pela eleição de Susana Inglês para o cargo de presidente da Comissão Nacional de Eleições, CNE.
Sapalo António do Partido da Renovação Social, PRS, um partido com assento parlamentar, prefere optar por um discurso pacificador: "Vamos encontrar solução, o nosso objetivo é a estabilidade e a paz. Por isso pensamos que não há nada que nos possa conduzir a um problema tão grave, tirando o MPLA e o Conselho Superior de Magistratura que quer estar acima da nação e da lei."
Ainda nos últimos dias, a UNITA e o PRS lançaram uma providência cautelar para retirar Susana Inglês da presidência da CNE. Entretanto, a contestada presidente da CNE, está doente e internada, em Luanda, num estado ligeiramente preocupante depois de um enfarte, supostamente provocado pela pressão que está a sofrer nos últimos dias.
Autor: Manuel Vieira (Luanda)
Edição: Nádia Issufo/António Rocha