Paz social ainda não chegou a Angola
4 de abril de 2017O Governo de Luanda define o 4 de abril como uma das maiores conquistas do povo angolano após a independência nacional, a 11 de novembro de 1975. A paz foi alcançada em 2002, na sequência da morte, em combate, de Jonas Savimbi, líder fundador da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA).
A 4 de abril de 2002, o Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka foi assinado entre o Governo de Luanda e o "Galo Negro".
O calar das armas trouxe a circulação de pessoas e bens, depois de um longo conflito armado que fez milhares de vítimas mortais e destruiu as infraestrutuas sociais.
Porém, uma década e meia depois, ainda há relatos de guerra em Cabinda entre a Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) e as Forças Armadas Angolanas.
"Gostaríamos que em todo território nacional as armas ficassem de lado", afirma Vitorino Nhany, deputado da UNITA.
Desemprego e fome
Quinze anos depois do fim da guerra, muitas questões sociais também continuam por resolver. O índice de desemprego ainda é "assustador", sublinha Benedito Daniel, deputado do Partido de Renoção Social (PRS).
Para o parlamentar, a paz social deveria passar pela criação de um maior número de postos de trabalho. "Não há nenhum cidadão, em qualquer parte do mundo, que possa construir a sua paz social enquanto não estiver empregado", lembra.
A esse problema associam-se outras situações sociais, como a questão da água e da energia elétrica, que, no entender de Vitorino Nhany, colocam em causa a paz social em Angola. "Quando o sistema de saúde não é o mais adequado, não se pode combater o lixo. A educação não é séria nem responsável e há muita gente fora do sistema de ensino", salienta. "Quando em Angola ainda se morre de fome, não temos paz social".
Também o antigo secretário executivo do Conselho Eclesial para Paz em Angola (COIEPA). Ntony Nzinga, considera que Angola ainda não vive uma verdadeira paz, a julgar pela forma como são geridos determinados conflitos que afligem o dia-a-dia do cidadão. "Se não gerirmos da melhor maneira possível as relações entre os angolanos, estamos a colocar-nos sempre à disposiçao de momentos de conflito", conclui.