Permanece impasse entre Sasol e trabalhadores de Inhassoro
16 de dezembro de 2019Jovens do distrito de Inhassoro, na província de Inhambane, acusam a petroquímica sul-africana Sasol e as autoridades de contratarem trabalhadores de fora da região para a exploração de gás natural.
A reclamação do grupo baseia-se em acordos firmados entre a comunidade e a concessionária que explora os recursos minerais da região. O grupo exige mais transparência na contratação dos recursos humanos e a valorização da mão de obra local.
Além de recrutar funcionários de outras províncias, o grupo de jovens levantou que cerca de 100 trabalhadores estrangeiros teriam sido contratados pela empresa para trabalharem nas plataformas de Temane e Mangugumete.
"Trabalhadores vão ingressar em Balorré e o número empregados de Inhassoro não chega a cinco", acrescentou António Mazive, um dos jovens que que se dizem preteridos pela empresa sul-africana.
No início deste mês, um grupo que exige a contratação de mão de obra local montou barricadas com árvores e paus, obstruindo o acesso à sede do governo distrital. O protesto foi violentamente reprimido pela polícia, que disparou balas de borracha, ferindo uma estudante.
Empresas subcontratadas
A Sasol informou à DW África que compreende as queixas das dezenas de jovens em Inhassoro, mas uma empresa subcontratada teria recrutado funcionários de fora do distrito. A porta-voz da companhia, Açucena Paul, diz que a petroquímica sul-africana não tem ingerência sobre os contratos de pessoal de empresas terceirizadas.
"Não é a Sasol que decide sobre isso. Sempre há [empresas] subcontratadas que chamam pessoas de fora, quando não devia ser desta forma. É natural que quem veja vagas sendo ocupadas por pessoas de fora fique incomodado", disse a representante da empresa.
Uma equipa multissectorial deveria ter divulgado relatório sobre o tema na semana passada, mas a apresentação da conclusão do inquérito foi cancelada, sem dia definido para ocorrer. Segundo Paul, o tema está a ser avaliado com os jovens desempregados.
"É um período em que se está a fazer uma investigação por parte do Governo e da Sasol para identificar o que estaria a acontecer e qual será a reação", esclareceu a representante da Sasol.
O secretário permanente do distrito de Inhassoro, José Matsinhe, lembra que as reivindicações dos jovens não são uma novidade. "Esta questão da falta de transparência já vinha sendo colocada há um bom tempo como forma de contornar e melhorar o processo de contratação de mão de obra, para permitir que maior parte dos jovens possa ter emprego."