Polícia impede protesto contra Presidente congolês
19 de novembro de 2016A manifestação convocada pela principal coligação da oposição, "Rassemblement", pretendia contestar o Presidente da República Democrática do Congo (RDC) Joseph Kabila, que se prepara para continuar no poder depois de terminar o mandato, em dezembro próximo.
Contudo, "os lugares onde estava prevista a manifestação foram isolados", disse o porta-voz da polícia, Pierre Mwanamputu.
As forças de segurança reforçaram presença em Kinshasa e impediram ativistas e soldados da missão de paz da ONU de se aproximarem da casa do veterano líder da oposição Etienne Tshisekedi, segundo testemunhas citadas pela agência Reuters.
Em Lubumbashi, a segunda maior cidade congolesa, onde os protestos políticos estão proibidos há quase um ano, a polícia interpelou violentamente os cerca de 20 manifestantes que tentaram reunir-se.
E as duas dezenas de manifestantes que montaram barricadas numa das principais artérias da cidade de Goma, a capital da província do Norte-Kivu, foram dispersadas com gás lacrimogêneo, segundo a AFP.
Já na noite de quinta-feira (17.11), pelo menos quatro jovens dirigentes da principal coligação da oposição tinham sido detidos, em Kinshasa, quando preparavam a manifestação contra o chefe de Estado Joseph Kabila.
Esta não é a primeira vez que as forças de segurança bloqueiam protestos, o mesmo aconteceu a 5 de novembro, quando o "Rassemblement" tinha já convocado uma manifestação. Desde setembro, mais de 50 pessoas morreram em protestos anti-governamentais, segundo as Nações Unidas.
Manobras para manter o poder
A RDC atravessa uma profunda crise política desde a contestada reeleição de Joseph Kabila em 2011. O chefe de Estado nomeou, na quinta-feira (17.11), o líder da oposição, Samy Badibanga, como novo primeiro-ministro, em resultado de um acordo de partilha de poder.
Badibanga é responsável por liderar um Governo de unidade nacional, formado por apoiantes do Presidente e uma minoria da oposição. O acordo vai permitir ao chefe de Estado prolongar o seu mandato. As eleições presidenciais estavam previstas para 27 de novembro de 2016, mas foram adiadas para uma data indeterminada. Até lá, Joseph Kabila mantem-se no poder, apesar da contestação social dos últimos meses.
A principal coligação da oposição rejeita o acordo. O "Rassemblement" acusa o Presidente Joseph Kabila de manipular o sistema eleitoral para se manter no poder depois do fim do seu segundo mandato, a 20 de dezembro. A Constituição congolesa não permite a re-candidatura de Kabila, no poder desde 2001.