População de Moatize queixa-se da poluição da Jindal
17 de fevereiro de 2015Os residentes do Bairro da Liberdade, na vila de Moatize, queixam-se da poluição provocada pelo terminal de carvão da mineradora indiana Jindal Africa. Trata-se de carvão mineral que é extraído em Chirondzi e transportado em camiões para o porto seco no bairro de Moatize, de onde segue de comboio para o porto da Beira.
"Estamos a passar mal", conta Arnaldo Roia, que vive há mais de uma década no bairro. As partículas do carvão que circulam pelo ar estão a contaminar os alimentos, "se moeu 20 quilos de farinha, no final tem 40 quilos por causa da poeira."
Isabel Joaquim, outra moradora, diz que, nos últimos três anos, a sua vida mudou com a instalação do porto seco da mineradora indiana no bairro. "Antes não era assim, não havia estas confusões. Só agora quando surgiu a Jindal."
Almira André, mãe de duas filhas, conta que a filha mais nova está com problemas respiratórios. "À noite, ela não dorme, está sempre com tosse."
Um estudo realizado recentemente pela Ação Académica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (ADECRU) indica que, na vila de Moatize, 30 mil pessoas estão em risco de contrair doenças respiratórias devido à poluição provocada pela Jindal Africa.
O município diz que, ao todo, quatro bairros estão a sofrer os efeitos diretos das poeiras: Liberdade, Bagamoyo, 1º de Maio e Chipanga 4.
Para os residentes do Bairro da Liberdade Arnaldo Roia, Isabel Joaquim e Almira André, só há uma solução: é preciso que a Jindal Africa abandone o local.
"Guerra sem tréguas"
O edil da vila municipal de Moatize, Carlos Portimão, está preocupado com a situação e declara uma "guerra sem tréguas" contra a mineradora indiana. Em primeiro lugar está a saúde das comunidades, afirma.
"Nunca vamos deixar de denunciar aquilo que está errado. Precisamos de travar esta luta até vencer."
Portimão diz ainda que a sua edilidade vai usar todos os instrumentos legais para defender as populações. Segundo o edil, o local onde funciona o terminal da Jindal foi, até ao final da década de 80, um parque automóvel da extinta empresa carbonífera de Moçambique (CARBOMOC) e não é apropriado para a instalação de um terminal de carvão.
A DW contactou a direção da indiana Jindal Africa, na cidade de Tete, que, sem aceitar gravar entrevista, revelou que está em ação o processo de colocação de uma rede de proteção ao longo do terminal para reduzir os impactos da poluição nas comunidades.