População da Zambézia teme confrontos entre polícia e RENAMO
13 de janeiro de 2015Na semana passada, num comício perante milhares de pessoas em Chirangano, na cidade de Quelimane, o delegado político provincial da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) na Zambézia, Abdala Ossifo, fez saber que, custe o que custar, Moçambique será dividido em dois.
“Há um grupo pequeno que considera o povo como se este fosse herança sua. E todas as vezes costuma engolir os cerca de 24 milhões de habitantes moçambicanos”, criticou.
“Vamos permitir que alguém nos venha humilhar? Vamos permitir que um tirano nos venha tirar a nossa terra?”, interrogou Abdala Ossifo, para logo a segui responder: “vamos governar”.
Abdala Ossifo acrescentou que a divisão da República de Moçambique será antecedida pela destituição imediata de dois principais dirigentes. O delegado da RENAMO referia-se ao governador da Zambézia, Joaquim Veríssimo, e ao administrador de Quelimane, Vicente Cinquenta, ambos ao serviço do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
“Aqui na Zambézia, queremos o nosso governador, administrador, chefe do posto da localidade e régulo também”, sublinhou.
Receio de confrontos
Vários munícipes ouvidos pela DW África afirmam que, caso isso venha a acontecer, a situação poderá culminar com confrontos armados. Por isso, temem mortes por tiroteios entre a polícia e guerrilheiros da RENAMO.
“O povo não quer guerra, não quer desordem. Quer a união dos que estão à frente do povo”, disse um morador.
“Divisão significa guerra. Já Moçambique não está em paz”, considerou outro munícipe, defendendo que deveria haver conversações entre os dois partidos “para o povo também ficar em paz”.
Diálogo entre RENAMO e FRELIMO
Representantes na Zambézia do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e da Aliança Independente de Moçambique (ALIMO) dizem que a situação pode agravar-se caso a RENAMO e a FRELIMO não dialoguem.
Salvador Cláudio, da ALIMO, defende que o Presidente da República, Armando Guebuza, e o presidente da RENAMO, Afonso Dhlakama, se sentem à mesma mesa para “se entenderem e repor a paz” em Moçambique. País que “não é só para a FRELIMO, é para todo o povo”, sublinha.
“Não sei bem para onde vamos. Não sei se é de forma pacífica que as coisas vão acontecer”, afirma, por outro lado, Abrão Macete, do MDM, a segunda maior força da oposição moçambicana.