População de Juba aterrorizada com combates
2 de agosto de 2016A informação dos confrontos desta segunda-feira (01.08), nos arredores da capital sul-sudanesa, foi confirmada à imprensa por um porta-voz do líder rebelde Riek Machar. Ainda que o Governo não o tenha confirmado oficialmente, um militar leal ao Presidente Salva Kiir disse à imprensa que havia um elevado número de vítimas das duas partes.
Segundo os meios de comunicação locais, dezenas de pessoas fugiram da capital do Sudão do Sul, Juba. Mesmo antes dos relatos dos últimos combates, dez organizações de ajuda humanitária no Sudão do Sul alertaram que a crise humanitária está numa espiral fora de controlo.
"Muitas pessoas fugiram dos combates para os campos da missão das Nações Unidas. Mas mesmo nos campos foram atacadas. Os armazenamentos do Programa Alimentar Mundial, que davam para abastecer cerca de 200 mil pessoas, foram roubados," descreve o diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados na Alemanha, Frido Pflüger.
"O que mostra que não há respeito pelas forças de paz. A comunidade internacional não pode aceitar isso," avalia Pflüger.
Os combates entre forças leais ao chefe de Estado Salva Kiir e ao seu antigo vice-Presidente Riek Machar foram retomados em julho, quebrando o frágil acordo de paz e o governo de unidade nacional de dois meses.
O ministro da Agricultura sul-sudanês, Lam Akol, reununciou ao cargo, esta segunda-feira (01.08), dizendo que o acordo de paz está morto. Akol apelou ao Presidente Salva Kiir para deixar o poder.
Ajuda humanitária suspensa
Já antes, quase cinco milhões de pessoas estavam em extrema necessidade de ajuda alimentar. Mas agora é quase impossível chegar a elas, segundo as organizações de ajuda humanitária. As vias terrestres foram cortadas e as organizações foram obrigadas a suspender muitos projetos.
"Tivemos de suspender com o nosso projeto em Maban, no norte do país, por várias vezes, devido a combates nas proximidades. O pessoal depois volta e recomeça tudo de novo, não há continuidade. Tivemos de parar também com o trabalho nas escolas de Yambio, no oeste. As crianças já não podem ir à escola e suspendemos a formação de professores," lamenta Frido Pflüger, do Serviço Jesuita aos Refugiados.
O Governo alemão apela a medidas mais duras contra o Governo e os rebeldes. Mas nenhum dos lados está verdadeiramente interessado na paz, disse à DW África o embaixador da Alemanha para o Sul do Sudão, Johannes Lehne, que defende que são necessárias mais pressão diplomática e sanções contra ambas as partes.
A Alemanha fechou temporariamente embaixada no Sudão do Sul e evacuou seu pessoal por causa dos combates.