Padre faz apelo às autoridades angolanas
27 de outubro de 2015Relatos de uma crescente e iminente penúria alimentar têm vindo a ser denunciados pelo padre da Igreja Católica da Arquidiocese do Lubango, Jacinto Pio Wacussanga - uma das figuras mais empenhadas para acudir as populações vítimas das atuais circunstâncias.
Autoridades ausentes
Os municípios angolanos de Chibia, Humpata, Gambos, Quipungo, Quilengues, Matala e Cacula são os mais afectados pelas fracas quedas pluviométricas, o imobilismo das comunidades e pelo desapossamento abusivo de terras de cultivo e de pasto. Esses são os fatores mais apontados quando se fala das razões que reforçam a degradação das condições de vida da população camponesa nessas regiões.
O agravamento da crise alimentar nessas comunidades rurais levam o Padre Pio Wacussanga a lançar constantemente um grito de socorro às autoridades angolanas e internacionais para que seja decretada estado de emergência naquela região. Segundo o padre, o cenário se deteriorou desde finais de 2012 e até hoje não há respostas dos governos às pessoas.
À DW África ele explicou que as comunidades precisam de respostas que incluam planos de desenvolvimento para aproveitar melhor a água, já que as regiões em questão têm água suficiente mas inexplorada. “O que falta é criar possibilidade às pessoas para que possam aumentar o nível de produção alimentar necessário”, complementa o padre.
Autoridades presentes
O sacerdote da Igreja Católica diz que há centenas de pessoas, e principalmente crianças, que se encontram na linha da morte, devido à subnutrição, motivada pela fome. “Só em 2013, morreram cinco idosos no interior”. De acordo com o religioso, das pessoas que foram enfraquecendo, [por causa da situação em questão] sete são crianças.
Entretanto, o governo angolano tem estado a empreender campanhas de recolha de bens de primeira necessidade, como roupa e alimentos para ajudar a população afetada com a fome na região. Contudo, o padre diz que a iniciativa governamental é insuficiente e sugere algumas alternativas: “Há muita água disponível e uma boa parte do lençol de água está na superfície [significa que pode ser facilmente retirada]. Os furos para a obtenção dessa água custam cerca de três mil dólares. Se conseguirmos esses furos, muitos dos nossos problemas estarão resolvidos”, acredita o missionário.